Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Guiné-Bissau – A economia derrapa

“Ano 2019 termina com retração de 5,9 por cento do crescimento”, afirma o economista Aliu Soares Cassama

Bissau – A economia guineense atravessa momentos difíceis devido a constante instabilidade política e não diversificação da economia dependente da castanha de caju, o principal produto de exportação do país.

A constatação é do economista guineense, Aliu Soares Cassama numa análise de retrospectiva e perspectiva económica da Guiné-Bissau para 2019/2020.

Cassamá disse que 2019 está quase a acabar e que a economia nacional não registou um crescimento aceitável, não obstante aos esforços que estão a ser feitos para que se possa estar numa posição de convergência com alguns países da União Económica e Monetária Oeste Africana.

Esta situação, conforme o economista, deve-se às elevadas despesas não previstas e o facto de o défice público nos meados de 2019 ultrapassar, significativamente, a meta projectada no Orçamento.

“A castanha de caju, principal produto de exportação, foi vendida a 500 fcfa em 2019 . É ano em que a Guiné-Bissau rubricou o acordo de livre comércio africano, que estabelece a liberalização de serviços e mercadorias e tem como objectivo eliminar as tarifa aduaneiras em 90 por cento, e em que se emitiu títulos do Tesouro num montante de 10 mil milhões de francos cfa”, recordou Aliu Cassama.

O economista acrescentou que a inflação atingiu 1,3 por cento, num país que já teve taxas anuais de inflação significativas com um percurso assinalável em relação ao qual se deve orgulhar.

Disse que, sendo um país com uma economia aberta ao exterior, importa a maior parte dos bens de consumo para assegurar a estabilidade dos preços.

Para além disso, é o ano em que se registou um défice fiscal na ordem dos 6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), nível muito acima do previsto pelos critérios de convergência da UEMOA  e que é igualmente o ano em que a taxa de financiamento da economia permanece abaixo  dos 15 por cento em relação a media da mesma organização que é de 30 por cento.

Para superar estas situações, o economista recomenda a diversificação da economia guineense de modo a diminuir a sua dependência da castanha de caju, para evitar que o país entre numa situação paradoxal.

Frisou que, mesmo com muitos recursos, o país não vai conseguir crescer do ponto de vista económico e passa a viver num ambiente de “estagnação ou de contracção económica”.

Disse que, apesar de as perspectivas serem favoráveis, a dependência das receitas da castanha de caju deixa a economia numa situação de vulnerabilidade a choque externo.

Por estas e outra razões, o economista sugere ao governo a apostar na agricultura, para trazer o alivio necessário à inflação nos bens alimentares, viabilizar projectos de industrialização, com maior celeridade e pragmatismo, integração dos agentes da economia informal na economia formal, o  combate à corrupção, em todos os níveis, por ser um flagelo que abala o aparelho do Estado guineense, “porque quando se fala constantemente de corrupção os empresários sentem o medo de investir”.

O economista encoraja o executivo a privilegiar acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) porque a economia nacional enfrenta uma situação financeira adversa, por causa da quebra das receitas que teve sérias implicações nas contas fiscais do país, na balança de pagamento e na economia real.

Sustenta que um novo acordo com o Fundo pode relançar o crescimento económico através de algumas medidas a serem implementadas para melhorar políticas fiscais, bem como garantir maior solidez ao sector financeiro.

“Em 2020, o país precisa de continuar a crescer. Hoje já não há dúvidas que o crescimento económico é a condição essencial para o desenvolvimento e sem esse crescimento não há progresso”, disse o economista Aliu Soares Cassama. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau

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