SÃO PAULO – Não
bastassem a alta carga tributária, os elevados encargos trabalhistas, os juros
elevados, o baixo nível de investimento, o alto custo da energia, a desastrosa
política de comércio exterior e a falta de investimentos em infraestrutura que
caracterizaram os últimos 15 anos, mais um fator aparece para tirar a
competitividade da economia: o crescimento acelerado dos níveis de roubo de
cargas. Nas rodovias do Estado de São Paulo, por exemplo, o roubo de cargas,
especialmente de alimentos, bebidas, eletrodomésticos e remédios, cresceu de
forma assustadora, registrando seguidas altas desde abril de 2016.
Segundo dados da
Secretaria estadual de Segurança Pública, de janeiro a junho deste ano, foram
registrados 5417 crimes dessa natureza, um número 23% superior ao do mesmo
período de 2016. No País, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado
do Rio de Janeiro (Firjan), os ocorrências de roubo de carga subiram 86% nos
últimos seis anos, deixando um rastro de prejuízos avaliados em mais de R$ 6
bilhões desde 2011.
Como se sabe, os
números de roubo de carga estão diretamente ligados aos desafios do comércio
mundial e constituem um dos maiores fatores que elevam os custos logísticos no
País, pois não basta computar apenas as perdas, mas a vulnerabilidade do transporte
que acaba por aumentar sobremaneira o seguro. Além disso, a violência nas
estradas acaba por provocar prejuízos para toda a população, pois as empresas
são obrigadas a aumentar o preço dos seus produtos para compensar as perdas e
os gastos com a proteção de seus caminhões e motoristas.
A falta de
infraestrutura adequada para a armazenagem da safra brasileira de grãos também
contribui para o aumento da criminalidade nas estradas, pois, sem armazéns em
número suficiente, os produtores são obrigados a despachar a um só tempo toda a
sua safra, o que acaba por congestionar portos e rodovias. Ou seja, a colheita
de grãos acaba ficando armazenada em caminhões estacionados à beira das
estradas. Tudo isso acaba por tumultuar o tráfego nas rodovias, prejudicando
também as atividades das demais empresas que dependem do comércio
internacional.
Para piorar, desde
pelo menos 2013, as autoridades estaduais e municipais vêm discutindo ações
efetivas de combate à criminalidade e violência nas rodovias, mas até agora
poucas ações práticas saíram do papel, sendo notórios não só a fragilidade do
policiamento nas estradas como os poucos resultados obtidos no combate à
receptação das mercadorias roubadas. Afinal, se os criminosos não tivessem
tanta facilidade para “desovar” o produto do roubo, não haveria tanta violência
nas rodovias. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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