A
Madeira Multilingual School procura parcerias no continente e quer estar, nos
próximos anos, em todos os países lusófonos. Educação multilingue é grande
vantagem para os alunos, defende a diretora. Para além da Madeira, encontram-se
já em funcionamento escolas em Cabo Verde, na cidade da Praia, e na Guine
Equatorial, nas cidades de Malabo, Bata e Mongomo. O processo de expansão
prossegue, estando prevista para breve a abertura de mais uma escola que estará
localizada em Moçambique, na cidade de Maputo
Em entrevista ao Económico
Madeira, Júlia Ladeira Santos, diretora da Madeira Multilingual School –
International Sharing School e Vice-Presidente da Sharing Foundation, fala dos
objetivos de crescimento desta escola internacional bilingue e de que forma
procura diferenciar a sua oferta educativa.
Fale-nos
um pouco sobre a Madeira Multilingual School – International Sharing School.
A Madeira Multilingual School
– International Sharing School é a única escola internacional multilingue da
ilha da Madeira. Foi fundada em 1980 por Susan Farrow, com a denominação de
Escola Britânica da Madeira, porque era onde estudavam os filhos dos ingleses
residentes na Madeira. Tinha igualmente alunos portugueses por isso a base de
ensino foi sempre bilingue, tal como ainda acontece atualmente. Recebemos
alunos dos nove meses aos 16 anos de qualquer nacionalidade, em que
implementamos a aprendizagem do inglês e do português desde o início do
percurso académico, saindo os alunos da nossa escola com o Ensino Básico
completo e ainda a falarem fluentemente cinco línguas das sete que fazem parte
do currículo, sendo o Português, o Inglês, o Alemão, o Mandarim e o Russo
obrigatórias, e o Francês e o Espanhol optativas.
Qual
a grande diferença no tipo de ensino que a escola promove?
Somos uma escola especial
porque trabalhamos com turmas com um máximo de 17 alunos, permitindo assim um
trabalho mais individualizado com cada um deles. O tempo dedicado ao aluno é um
pilar chave no nosso ensino, permitindo uma maior adequação às caraterísticas
de aprendizagem de cada pessoa. O sistema educativo aplicado na nossa escola
prepara os alunos para o ensino superior internacional, através de aulas que
incentivam a pensar de forma crítica e analítica sobre as mais diversas
temáticas, respeitando sempres as diferenças de uma sociedade cada vez mais
globalizada. Apostamos na abordagem multilinguística e multicultural do currículo,
com uma forte componente de partilha de conhecimento que não conhece fronteiras
geográficas. Esta nossa premissa reflete-se precisamente na composição do nosso
grupo de alunos e ‘staff’, que atualmente alberga 17 nacionalidades distintas.
E
porquê essa aposta numa educação multilingue?
Na sua génese a escola já era
bilingue. Esta oferta garantia a possibilidade de ingressar tanto numa escola
portuguesa como numa instituição de ensino de língua inglesa em qualquer parte
do mundo. Desde a sua origem que se tem vindo a trabalhar para intensificar
este modelo de educação multilingue, sendo hoje muito consistente, constando
inclusivamente do programa curricular dos alunos o Mandarim, iniciando-se no
PYP 1, o Alemão no PYP 3, e o Russo, desde o MYP 1. A par com a educação
multilingue, temos uma base de atuação multicultural, pois temos mais de uma
centena de alunos que representam 17 nacionalidades e sabemos como é essencial
à construção da aprendizagem e crescimento individual a interligação cultural.
Atualmente a escola faz parte
do Projeto Multilingual Schools da Sharing Foundation, um projeto de criação de
escolas multilingues e multiculturais um pouco por todo o mundo.
O
que significa para a Madeira Multilingual School fazer parte deste projeto da
Sharing Foudation?
É um grande desafio que se
enquadra na nossa filosofia. O projeto Escola Britânica da Madeira foi criado
em 1980, tendo evoluído para Multilingual Schools em 2013, e internacionalizado
em 2014. O projeto tem por objetivo principal difundir o ensino de excelência
com elevada qualidade, que valorize e desenvolva competências para que os
alunos sejam capazes de aprender, viver e trabalhar num mundo cada vez mais
global.
Por seu lado, a nossa escola
Madeira Multilingual School tem por objetivo oferecer uma educação
internacional desde a creche até ao 9º ano. É isto que os pais dos nossos
alunos sabem que encontram quando procuram a nossa instituição, aliado a um
ambiente multicultural altamente enriquecedor e de onde resulta uma
aprendizagem mais qualitativa e integrada.
Neste
momento, qual é o grande objetivo do projeto Multilingual Schools da Sharing
Foundation?
O objetivo deste projeto é
desenvolver em todo o mundo uma rede de escolas internacionais, multiculturais
e multilingues com o intuito de preparar as novas gerações para um mundo cada
vez mais globalizado e com permanentes mudanças económicas, sociais, culturais
e políticas. Num contexto mais amplo, este tipo de ensino trará no futuro um
significativo impacto económico, além do que permitirá reforçar na base da
sociedade uma educação cada vez mais integrativa e de visão ampla, para se
compreender melhor o mundo, no seu todo e em todas as suas especificidades. É
este o sentimento que nos move e que faz do Projeto Multilingual Schools da Sharing
Foundation um grande agente de educação multicultural.
Para
além da Madeira, onde estão situadas as instituições da Multilingual Schools?
Para além da Madeira,
encontram-se já em funcionamento escolas em Cabo Verde, na cidade da Praia, e
na Guine Equatorial, nas cidades de Malabo, Bata e Mongomo. O processo de
expansão prossegue, estando prevista para breve a abertura de mais uma escola
que estará localizada em Moçambique, na cidade de Maputo.
E
em Portugal continental, está prevista a abertura de escolas?
É uma das nossas vontades.
Estamos a trabalhar no sentido de concretizar esta ambição que nos permitirá
reforçar o nosso âmbito de atuação a nível nacional. Neste momento, estamos
focados em encontrar parceiros nas áreas de Lisboa, Porto ou Algarve, que nos
possibilitem implementar novos projetos. Além disso, pretendemos nos próximos
anos chegar a todos os países da CPLP, que representa um universo de mais de
350 milhões de habitantes. Este será um processo contínuo com uma reavaliação
constante do projeto com base na experiência e perceção dos resultados de cada
país. Esta revisão contínua dos resultados vai permitir ajustar o projeto em
mercados estrangeiros e melhorar a nossa oferta educacional.
Acredita,
portanto, que estar inserida neste projeto é uma mais-valia para os alunos.
Naturalmente que sim. As
gerações futuras serão em breve inevitavelmente confrontadas com uma crescente
necessidade de compreensão e maior capacidade de trabalhar com línguas e
culturas diferentes. Esta exigência é já uma realidade em alguns setores
empresariais, sendo fundamental estar preparado para o nosso mundo, cada vez
mais global. A nossa metodologia de ensino vem precisamente contribuir para
esta preparação e abrir o leque de oportunidades futuras. Graças a esta base e
ao nosso posicionamento multicultural, a Madeira Multilingual School –
International Sharing Foundation foi recentemente certificada como
International Baccalaureate World School e, juntamente com a APEL – Associação
Promotora do Ensino Livre, são a segunda escola a nível nacional a oferecer no
mesmo campus os três diplomas, PYP, MYP e DP, internacionalmente certificados
pela IBO – International Baccalaureate Organization.
Explique-nos
o que é a International Baccalaureate Organization (IBO).
É uma organização educacional
que oferece uma qualificação de reputação mundial para estudantes que querem um
currículo amplo e desafiador e que os ajude a desenvolver todas as habilidades
necessárias para o seu sucesso na vida académica e posteriormente na vida profissional.
Fundado em 1969, disponibiliza quatros programas educacionais através de
escolas autorizadas um pouco por todo o mundo. Estes programas abrangem alunos
dos três aos 19 anos divididos da seguinte forma: Primary Years Programme (PYP)
dos 3 aos 11 anos, Middle Years Programme (MYP) dos 11 aos 16 anos, Diploma
Programme (DP) dos 16 aos 19 anos e ainda o Career Programme (CP), também para
alunos dos 16 aos 19 anos, mas com uma oferta academicamente mais acessível do
que o Diploma Programme. Atualmente existem 4.655 escolas IB espalhadas por 149
países com mais de cinco milhões de alunos e 50000 professores. Gabriel Antunes – Portugal in “Económico
da Madeira”
Sobre esta temática o blogue “Baía
da Lusofonia” abordou há precisamente três anos sobre a aprendizagem da língua
portuguesa na Guiné Equatorial, leia aqui.
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