A
cidade de Shijiazhuang, capital da província de Hebei, foi o palco da segunda
edição do Torneio Amigável de Futebol para Alunos do Ensino Médio Brasil-China,
uma competição que visa o intercâmbio cultural entre estudantes brasileiros de
mandarim e alunos chineses de escolas locais
Depois do sucesso que marcou a
iniciativa lançada no ano passado, o Torneio Amigável de Futebol para Alunos do
Ensino Médio Brasil-China voltou a decorrer este ano, em Shijiazhuang, na
província de Hebei. Para a organização, o evento pretende não apenas incentivar
os alunos brasileiros a interagir com os locais, aprofundando os seus
conhecimentos sobre a cultura chinesa, como também proporcionar aos alunos
chineses uma porta de acesso ao universo futebolístico e cultura do Brasil.
Focando-se no intercâmbio
cultural e no desenvolvimento do futebol nacional, o Instituto de Desporto da
Universidade Normal de Hebei (UNH), em parceria com a Shijiazhuang Danqiur Sports&Communication
Co. Ltd, decidiu avançar para a organização da segunda edição do torneio. Neste
ano participaram duas equipas do ensino médio do Instituto Intercultural
Brasil-China (uma masculina e outra feminina), do Rio de Janeiro, e equipas
representantes de nove escolas locais.
Huang Dawei, director do
Departamento do Ensino e Pesquisa da UNH, defende que, apesar das barreiras
linguísticas existentes entre os participantes, “a linguagem do futebol é
universal, ajudando a eliminar a sensação de distanciamento entre as duas
nacionalidades e promovendo a comunicação intercultural”, referiu o
responsável, citado pelo Diário do Povo.
Salientando a importância de
aparecerem talentos nacionais e estrangeiros bilingues, Huang espera que sejam
criados programas de acolhimento que permitam aos alunos brasileiros viver na
China, com famílias chinesas, de modo a garantir o “aprimoramento linguístico e
a compreensão cultural, tal como a partilha de conhecimentos de artes marciais,
ping-pong, futebol e até de samba”.
A par do plano de
desenvolvimento da capacidade futebolística do país asiático, “cada vez mais treinadores
brasileiros pretendem vir para a China para ensinar e treinar. Contudo, a
língua continua a ser um enorme obstáculo”, acrescentou.
Oriundos do Colégio Estadual
Matemático Joaquim Gomes de Sousa, também conhecido como Instituto Intercultural
Brasil-China — instituição co-fundada em 2015 pelo governo do estado do Rio de
Janeiro e a UNH — 26 alunos integrantes do projecto que envolve a aprendizagem de
futebol e mandarim deslocaram-se até Shijiazhuang, acompanhados por treinador e
professores.
João Kelis, de 15 anos,
capitão da equipa masculina, e Ana Beatriz, 16 anos, jogadora da equipa feminina,
decidiram estudar mandarim pelas oportunidades que a língua chinesa lhes poderá
proporcionar no futuro, considerando o idioma uma mais-valia no currículo. “As
coisas mais difíceis rendem melhores frutos. Se me esforçar mais para aprender
o mandarim, melhor será o meu futuro”, considera João, que espera ter a oportunidade
de estudar na China.
Ambos descrevem a China como
um país organizado, não só pela forma como o trânsito está organizado nas ruas,
como também pela metodologia aplicada ao futebol. Apesar do choque cultural, os
dois estudantes não deixaram de salientar pela positiva outros aspectos, como a
grandiosidade dos monumentos, a extravagância gastronómica ou a simpatia do
povo chinês. “O Brasil deve fazer um investimento maior na educação para criar
mais possibilidades de intercâmbio como esta, que nos permite vir aqui
desfrutar da cultura chinesa, e os chineses da nossa também”, defendeu João.
Cativar
os alunos com o desporto
Acompanhando os alunos, quer
na aprendizagem, quer durante a deslocação, Ana Qiao, directora do Instituto
Confúcio da Pontifícia Universidade Católica (PUC), afirmou que “a competição, ou
o futebol, não são o objectivo principal” desta actividade. “Esperamos que
através do futebol possamos vir a cultivar o interesse dos alunos”, apontou.
O Instituto Intercultural
Brasil-China é a primeira escola a tempo inteiro com ensino bilingue, almejando
cultivar talentos com capacidades linguísticas e conhecimentos culturais sobre
a China. “Também ajudamos os alunos a dominar outras capacidades, a criar a
noção de organização e disciplina”, explicou Ana, nutrindo a esperança de que,
no futuro, possa vir a testemunhar o aumento do número de alunos brasileiros
com a possibilidade de se deslocarem à China para estudar.
Lucas Cordeiro Alcantara, de
26 anos, foi o treinador de ambas as equipas e estuda mandarim desde 2016.
“Apesar de ainda saber muito pouco, o estudo da língua chinesa proporcionou-me
um maior conhecimento da cultura. Quanto mais procuro, mais encantado fico”,
afirmou.
Descrevendo o torneio como uma
actividade importante de intercâmbio cultural, o treinador espera que “o Brasil
esteja a focar-se mais sobre esse aspecto [investimento na educação e no
intercâmbio]. Acho que a China deve apostar também, porque vão aparecer bons
resultados”.
Procurando o desenvolvimento
de uma metodologia centrada no desenvolvimento dos jogadores como atletas e
cidadãos, Lucas prevê um futuro auspicioso no que diz respeito ao cumprimento dos
objectivos que a China traçou para o futuro. In
“Jornal Tribuna de Macau” -
Macau
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