A
construção do hotel Corpo Santo, que vai abrir este mês no Cais do Sodré, foi
marcada por achados arqueológicos valiosos, que serão parte integrante da sua
oferta turística
A construção está na reta
final, e a obra foi acompanhada a tempo inteiro por um arqueólogo, que ficou
surpreendido com a quantidade de peças históricas de valor que iam sendo
sucessivamente descobertas, perfazendo um espólio que encheu 110 contentores.
Estes achados arqueológicos, que incluíram 32 metros de muralha fernandina
posta a descoberto, vão ser parte integrante do Hotel Corpo Santo, o novo hotel
de cinco estrelas que vai abrir em Lisboa em finais de agosto.
Ocupando praticamente um
quarteirão inteiro na zona do Cais do Sodré, o Hotel Corpo Santo envolveu a
reabilitação de três edifícios inteiro e tem entradas para Rua do Arsenal, o
Largo do Corpo Santo (em frente à igreja do Corpo Santo) e a Travessa do
Cotovelo.
A obra, iniciada em abril de
2015, tem sido condicionada pelos sucessivos achados arqueológicos e a sua
localização numa zona sensível no centro histórico da cidade.
“Encontrámos tanta peça e com
tanto valor, e isto vai-nos diferenciar entre os hotéis de cinco estrelas, pois
queremos passar aos nossos hóspedes esta parte importante da nossa história que
estava escondida”, salienta Pedro Pinto, diretor do Hotel Corpo Santo, cargo
que assumiu após ter saído em maio do Altis Belém, onde exercia idênticas
funções.
Tirar uma “selfie” junto à
muralha fernandina (construída no séc. XIV)
“Como arqueólogo, para mim é
fantástico trabalhar numa obra destas, em que se descobriu um espólio
arqueológico extraordinário”, enfatiza António Valongo, o arqueólogo que
acompanhou a construção do Hotel Corpo Santo, um procedimento obrigatório nesta
zona da cidade.
“Toda esta área sofreu
bastante com o terramoto de 1755. Identificámos aqui elementos extraordinários
e muito bem preservados que foram abandonados no terramoto. Encontrámos parte
das casas nobres do infante D. Pedro, temos um excelente conjunto de cerâmica
dos séc. XV e XVI, cachimbos de produção inglesa ou holandesa, eu próprio não
tinha noção da quantidade e do valor das peças que aqui se podiam encontrar”,
descreve o arquiteto.
O 'ex-libris' entre estes
achados foi a descoberta de um troço de 32 metros de muralha fernandina, “que
condicionou bastante o projeto uma vez que se trata de um monumento nacional”.
Mas o que à partida era uma
condicionante da construção acabou por tornar-se numa mais-valia do próprio
projeto hoteleiro: os achados arqueológicos da obra vão passar a estar em
exposição, como numa espécie de 'museu' numa sala polivalente do hotel, que
funcionará como área de lazer ou de reuniões, onde se destacará a muralha
fernandina, que foi recuperada.
“Este espaço vai corresponder
às expectativas do lado do rigor científico. Mas isto não é um museu, é um
espaço vivo para partilhar a história da cidade e para ser usufruído pelas
pessoas, por exemplo as que querem tirar uma 'selfie' junto à muralha
fernandina”, refere o diretor do hotel Corpo Santo.
Inicialmente, há mais de 70
peças arqueológicas identificadas para estar em exposição no hotel, “mas o
espólio é tanto que vamos ter sempre algo de novo para mostrar”, salienta Pedro
Pinto.
O Hotel Corpo Santo envolveu
investimentos privados, de uma família portuguesa, que atingiram 20 milhões de
euros. Está equipado com um Spa e tem 79 quartos, dos quais dois são suítes,
instaladas no topo e com vista aberta para o Cais do Sodré e o rio Tejo. Todos
os quartos são diferentes, devido às características do edifício, e têm banho
ou duche com cromoterapia, com base em alternância de cores.
Cada um dos cinco pisos do
hotel é dedicado a uma área geográfica de expansão portuguesa pelo mundo
(designadamente Norte e África, África central, Ásia e América do sul, além de
Lisboa propriamente dita) e tem um cheiro próprio associado a essas regiões
(desde o aroma dos cafés a canela ou outras especiarias).
“Fomos a esse detalhe, de
desenvolver um cheiro próprio para cada um dos pisos, que correspondem a zonas
onde estiveram os portugueses”, faz notar Pedro Pinto, lembrando que a entrada
do hotel será marcada por um mural pintado à mão, numa alusão à história da
cidade e a sua ligação ao rio.
Outra mais valia do hotel será
o restaurante, com entrada pela Rua do Arsenal, que se vai chamar 'Porta' e vai
estar aberto todo o dia. “Não queremos que seja associado a um restaurante de
hotel, mas que também seja frequentado pelos residentes e as pessoas que
trabalham aqui à volta”, salienta Pedro Pinto. “A nossa ideia nesta rua é
sermos mais que um hotel, mas uma unidade vivida por todos na cidade, sejam
turistas ou residentes”.
“Somos um hotel descomplexado
relativamente aos tradicionais hotéis de cinco estrelas”, frisa Pedro Pinto.
“Queremos dar serviço, mas também que o cliente se sinta bem, e tão à vontade
como em sua casa”.
Chamando a atenção para a
localização central, em frente à igreja do Corpo Santo no Cais do Sodré, “tendo
ao lado o mercado da Ribeira e a Praça do Comércio, e a caminho da Baixa ou do
Chiado”, o diretor do Hotel Corpo Santo conclui que “este é um hotel que vai
permitir aos turistas uma vivência própria e única de Lisboa como cidade,
também pelos achados arqueológicos, e é isto que nos irá diferenciar”. Conceição Antunes – Portugal in “Expresso”
Aceda ao hotel Corpo Santo aqui
Corpo Santo Hotel Largo do
Corpo Santo 23 - 25, Lisboa 1200-129 Portugal Telefone: +351 218 272 537
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