Mandjolo
N'dyaka Mandjolo
Ke mbake
Nd'ya ka Mandjolo
Mandjolo
N'dyaka Mandjolo
Ke mbake
Nd'ya ka Mandjolo
Hantlissa pfana
U ta ndy kuma nddleleny
Hantlissa pfana
U ta ndy kuma nddleleny
Loku ndy sukaka pandeni, mine
Nkwakwanana
Y ngwavela kwapa ndlela
Ndy mu zinguiry, mine
Kodwa u suka Ximbanguine, muzay
N'kwakwanana
Y n'gwavela kwapa ndlela
U mu ndyndyndy wene
Loku ndy sukaka pandeni, mine
Nkwakwanana
Y ngwavela kwapa ndlela
Ndy mu zinguiry, mine
Kodwa u suka Ximbanguine, muzay
N'kwakwanana
Y n'gwavela kwapa ndlela
U mu ndyndyndy wene
Hantlissa pfana
U ta ndy kuma nddleleny
Hantlissa pfana
U ta ndy kuma nddleleny
Ka Zantaca va longolokylè
Ka Zithundu va longa psy djumba
Ku ta buya ny va ka Khatwany
Ndy lêlêtêlêny kôlê ka Tembe
Mandjolo
N'dyaka Mandjolo
Ke mbake
Nd'ya ka Mandjolo
Hantlissa pfana
U ta ndy kuma nddleleny
Hantlissa pfana
U ta ndy kuma nddleleny
A xinguila xy kwyni
Ndy ta kina xigubo
Ka mu khulu
N'davezitha
Na ndy tsimbi bedjwa, kwa nde
Ndy tlhanguela T'rapezulu
Ndy nhiketêny n'duku
N'dy ta vika ma tsôtsy
N'dlelêny, ka Madjuva
Mandjolo
N'dyaka Mandjolo
Ke mbake
Nd'ya ka Mandjolo
Ndy nhiketêny n'duku
N'dy ta vika ma tsôtsy
N'dlelêny, ka Madjuva
Mandjolo
N'dyaka Mandjolo
Ke mbake
Nd'ya ka Mandjolo
Costa
Neto – Moçambique
Mandjolo
A música tem o dom de
despertar sentimentos, dos melhores até piores. Na abordagem ao Mandjolo, não
faço, senão, deixar-me levar por estes sentimentos, pela multiplicidade de
espaços que o Mandjolo desperta em mim enquanto canção, e sem fugir claro, a
algumas referência a letra da música que me foi gentilmente cedida, pelo
próprio Costa Neto.
Para mim, a manifestação mais
patente em Mandjolo é, precisamente de rebusque/resgate de imagens de infância,
adolescência e espaço que viu nascer Costa Neto.
Há ali, uma espécie de
cabra-cega de fixações de espaço, onde se confunde o artista e o homem,
divididos entre dois oceanos; uma fixação da saudade pessoal e da terra que o
viu nascer.
O enredo psicológico que o
Costa traça, obriga-o a segurar o tempo e traz vivências de saudades daquele
espaço concreto: Mandjolo, mas também de uma terra que é Moçambique e Maputo
particularmente (desde Zitundo, Khatwany a Ka Tembe.)
O refrão, Mandjòlô, Nd'yàkaMandjòlô, Kèm'baku, Nd'yà ka Mandjòlô, (Mandjolo,
vou a Mandjolo, irmão, vou a Mandjolo), mostra claramente, a sua ânsia em
indicar a direcção da terra onde quer ir, para que rapidamente, o indiquem o
caminho.
Nesta sua volta a casa, Costa,
deliberadamente cria duas personagens: o do mu fana (rapaz) que tem de o
acompanhar e outra, de um autóctone que o dá as coordenadas de como chegar e
bem a Mandjolo (Kódwa u suka
Ximbanguini, muzay, N’kwãkwãnana Y n'gwavela kwapa ndlela/ U mu ndyndyndy wénè)
assim que saíres de Ximbanguini sobrinho é só seguires o caminho (siga em
frente), para logo concluir que “você é um ndyndyndy.”
Esta passagem é fundamental
para perceber o apego a terra por Costa, pois, logo que chega perto do
autóctone e lhe pergunta por Mandjolo, o auctótone, pelas suas falas,
apercebe-se logo, que aquele era um ndyndyndy.
Ora, o longo período de tempo
que Costa vive na diáspora, o faria certamente perder a sua identidade com a
terra que o viu nascer e consequentemente o traquejo da linguagem, mas não,
logo que se pronuncia, há um reconhecimento conclusivo de quem ele é; “U mu ndyndyndy wéné”.
Concluiríamos daqui mesmo, que
o Costa, nunca se desligou da sua terra, e mais, onde ele vive, vive a ânsia
constante de poder pisar a sua terra e isto percebe-se no diálogo que tem com o
mu fana, encarregue de o ajudar a chegar a casa, quando diz para aquele: Hantlissa mu pfana, U ta ndy kuma ndlêlêny!
(se apresse rapaz que me encontras pelo caminho.)
Neste pedir para que o rapaz (mu fana) se apresse, chega a sugerir
que o mesmo corra para rápido chegarem. É a ânsia, o desejo de rever a terra e
logo, rever-se. É ele, a voltar ao mesmo tempo e parecendo que não, revê-se no
miúdo que o acompanha e compreende naquela caminhada que não pode mais esperar,
porque deu toda a sua alma, lágrimas, sobretudo alegria e força ao seu país:
Moçambique.
Neste não querer adiar a
viagem a Mandjolo, chega a sugerir que o entreguem o bastão para se defender
dos bandidos a caminho de Madjuva (Ndy
nhiketêny n’duku N’dy ta vika ma tsôtsy N'dlelêny, ka Madjuva), ficando
assim claro, que na sua ânsia de querer chegar a terra, até predispõe-se a
afastar os perigos pelos seus próprios meios.
Com Mandjolo, Costa nega-se a
reconstruir a sua vida ouvida por terceiros; nesta caminhada, propõe-se ele
próprio e por seus próprios olhos ir em busca do espaço e das pessoas que o
viram nascer e crescer, mesmo que corra o perigo de se encontrar com os
bandidos e com todas as consequências que dai podem advir.
Há aqui, uma ideia de
identificação de pessoas e lugares e através desta, recuar no tempo e buscar o
que é bom, o Xigubo por exemplo, que era dançado na casa do Régulo/chefe
/autoridade local o N’davezitha,
referenciado na música. (ao ouvir a música, nesta parte, ouve-se o ritmo de
Xigubo.)
Costa esculpe no Xigubo, a
dança que simboliza as demais da sua infância e juventude, e Mandjolo, como
espaço onde se realizou o homem que fez o artista que ele é.
De facto, Mandjolo é pura
projecção de si-próprio, da identidade psicológica, da auto afirmação que o faz
justamente voltar a terra, para se encontrar consigo mesmo, dai que não se
estranhe, que o Costa, seja tido por muitos, como o representante fiel da
cultura moçambicana na diáspora, porque lá onde está, apenas vive o físico,
porque o psicológico, está neste momento em Mandjolo, ou duvidam?
Há sim saudosismo em Mandjolo,
há o fulgor de volta aos espaços, há um sentimento dominante de auto identificação,
bem conseguidos pelo alcance estético da música.
E algo engraçado, sempre que
escuto esta música, não sei porque magia, volto, as ruelas do meu bairro Polana
Caniço, as velhas historias conseguidas por muito sacrifícios de quem as
contava, ao inventar e refazer de histórias de vida, o arco-iris das aventuras
de outiva de Bud Spencer e Trinita, das ideias envolventes de fugidas para a
pista da ATCM e praia de Costa de Sol, das trepadas as árvores de amoras, no
Clube (?) de Golfe da Polana (Caniço), do Castiguana maguidjana duro que
empurrava a bola de chingufu a ameaçar todos que se faziam a sua frente, do
M’bidji bidji, mandyndynde terrível a fisga, enfim, da minha malta da infância,
sim, nós também éramos, como o Costa zinguirys,
estes pássaros pequenotes que andam em grupos nas machambas e fazem ninhos com
capim e flores.
E a ideia de Mandjolo, não
será, senão a volta ao ninho floreado deste pássaro, desejoso, de se encontrar
com o seu grupo.
Bem-haja o Costa Neto, por
este seu apego à terra, por esta evocação a Mandjolo, que no fim ao cabo, é a
evocação e construção dos espaços onde cada um de nós cresceu. Há sim, saudosismo
puro e positivo em Mandjolo. Amosse
Macamo – Moçambique in “modaskavalu.blogspot”
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