O
edifício do Antigo Tribunal vai ser palco, no início de Setembro, de um evento
que reúne conferências, exposições e lançamentos de livros em celebração dos
150 anos do nascimento de Camilo Pessanha. Carlos Morais José, o organizador,
pretende que o evento se paute por uma componente “literária e artística”, não
apenas para celebrar o “mais ilustre português que passou por Macau” mas também
para fomentar novos talentos
O Edifício do Antigo Tribunal
será palco do evento “Camilo Pessanha – 150 anos”, uma comemoração do escritor
português que viveu e morreu em Macau. “A opção aqui foi fazer uma celebração
com uma componente mais literária e artística, portanto, menos académica, até
porque vai haver um congresso sobre Camilo Pessanha organizado pelo Instituto
Politécnico de Macau que vai focar-se nessa componente”, explicou Carlos Morais
José, director do jornal Hoje Macau, organizador do evento, ao Jornal Tribuna
de Macau.
Para tal, foram convidados
escritores e artistas plásticos. “Vêm escritores como Amélia Vieira, António
Cabrita, Paulo José Miranda, Valério Romão, António de Castro Caeiro, António
Falcão e Pedro Barreiros”, indicou o mesmo responsável, frisando que todos
abordarão questões diferentes relacionadas com o autor em destaque.
Além disso, serão lançadas
várias obras. “Vamos começar no dia 31, no Consulado-geral de Portugal, com o
lançamento de uma nova edição da “Clepsidra” de Camilo Pessanha, em português e,
no dia seguinte, dia 1, vamos ter o lançamento da “Clepsidra”, em chinês, já no
Antigo Tribunal”, explicou Carlos Morais José. “Depois vamos lançar mais livros
que são “O Exorcismo”, de José Drummond, “Abril”, de Amélia Vieira e “Karadeniz
- Entrevista com um Assassino”, de Paulo José Miranda”.
“Estas pessoas vêm cá e
entendo que ao celebrarmos Camilo Pessanha devemos também celebrar a poesia e a
criatividade e não estarmos só a falar do passado porque também interessa que
as celebrações sejam um pretexto para a erupção de novos talentos e novos
livros”. “Interessa-me não só falar de Camilo Pessanha mas que ele seja uma
inspiração para hoje em vez de ser remetido para o passado”, defendeu o
organizador indicando que será ainda lançada uma nova obra de Rui Cascais intitulada
“Returning Home Dirty With Light” e o livro “Morri”, de António Falcão.
Apesar de se afastar do campo
académico, a iniciativa inclui conferências que “são sobretudo sobre poesia e
literatura”. “As pessoas não se vão cingir a Camilo Pessanha, vão ultrapassar
isso e vamos falar da questão da literatura hoje”, sublinhou Carlos Morais
José.
Por outro lado, o evento
inclui várias exposições. “Existe uma exposição colectiva de artes plásticas”
subordinada ao tema “Pessanha – A última fronteira” e haverá uma mostra de
fotografia de António Falcão que se chama “Cleptocronos”, além de uma mostra no
Instituto Português do Oriente também subordinada ao escritor, que vem do
Camões – Instituto de Cooperação e Língua, em Portugal.
O evento inclui ainda uma
visita à campa do autor. “No dia 7 [de Setembro], exactamente data do
aniversário de Camilo Pessanha, vamos fazer uma romagem ao Cemitério pela
manhã, seguida de um almoço com a família sobrevivente de Camilo Pessanha, com
o apoio da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau
(APOMAC) porque eles são sócios”.
No mesmo dia decorre a sessão
de encerramento, às 18:30, no Antigo Tribunal, e um jantar de gala na
Residência Consular.
No campo artístico, está ainda
a ser preparada uma exposição chamada “Macau no tempo de Camilo Pessanha:1894 –
1926”, com o apoio e patrocínio da Associação de Promoção da Instrução dos Macaenses.
Por outro lado, o Largo do Senado, o Jardim Triangular e o Albergue da Santa Casa
da Misericórdia vão ser a “casa” de três esculturas assinadas por Carlos
Marreiros.
A integração de outros tipos
de arte além da literatura no evento dedicado a Camilo Pessanha faz sentido,
entende Carlos Morais José, quanto mais não seja porque “a literatura e a
pintura sempre estiveram juntas”. “Existe um manancial de obras de Pessanha que
têm inspirado bastantes artistas. A literatura e a pintura são muito próximas”,
frisou o organizador.
Além disso, a vinda de mais
artistas dá “uma dimensão maior às próprias celebrações porque Camilo Pessanha
merece que se faça isto”. “Enquanto cidadãos de Macau temos algum dever de
lembrar estas figuras que nos antecederam e Camilo Pessanha é talvez o mais
ilustre português que alguma vez passou por Macau”, defendeu Carlos Morais
José. Inês Almeida – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
Sobre o evento “Camilo Pessanha – 150 anos” poderá aceder
a mais informação no jornal Hoje Macau
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