Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Macau - Celebrar Pessanha, a poesia e a criatividade

O edifício do Antigo Tribunal vai ser palco, no início de Setembro, de um evento que reúne conferências, exposições e lançamentos de livros em celebração dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha. Carlos Morais José, o organizador, pretende que o evento se paute por uma componente “literária e artística”, não apenas para celebrar o “mais ilustre português que passou por Macau” mas também para fomentar novos talentos



O Edifício do Antigo Tribunal será palco do evento “Camilo Pessanha – 150 anos”, uma comemoração do escritor português que viveu e morreu em Macau. “A opção aqui foi fazer uma celebração com uma componente mais literária e artística, portanto, menos académica, até porque vai haver um congresso sobre Camilo Pessanha organizado pelo Instituto Politécnico de Macau que vai focar-se nessa componente”, explicou Carlos Morais José, director do jornal Hoje Macau, organizador do evento, ao Jornal Tribuna de Macau.

Para tal, foram convidados escritores e artistas plásticos. “Vêm escritores como Amélia Vieira, António Cabrita, Paulo José Miranda, Valério Romão, António de Castro Caeiro, António Falcão e Pedro Barreiros”, indicou o mesmo responsável, frisando que todos abordarão questões diferentes relacionadas com o autor em destaque.

Além disso, serão lançadas várias obras. “Vamos começar no dia 31, no Consulado-geral de Portugal, com o lançamento de uma nova edição da “Clepsidra” de Camilo Pessanha, em português e, no dia seguinte, dia 1, vamos ter o lançamento da “Clepsidra”, em chinês, já no Antigo Tribunal”, explicou Carlos Morais José. “Depois vamos lançar mais livros que são “O Exorcismo”, de José Drummond, “Abril”, de Amélia Vieira e “Karadeniz - Entrevista com um Assassino”, de Paulo José Miranda”.

“Estas pessoas vêm cá e entendo que ao celebrarmos Camilo Pessanha devemos também celebrar a poesia e a criatividade e não estarmos só a falar do passado porque também interessa que as celebrações sejam um pretexto para a erupção de novos talentos e novos livros”. “Interessa-me não só falar de Camilo Pessanha mas que ele seja uma inspiração para hoje em vez de ser remetido para o passado”, defendeu o organizador indicando que será ainda lançada uma nova obra de Rui Cascais intitulada “Returning Home Dirty With Light” e o livro “Morri”, de António Falcão.

Apesar de se afastar do campo académico, a iniciativa inclui conferências que “são sobretudo sobre poesia e literatura”. “As pessoas não se vão cingir a Camilo Pessanha, vão ultrapassar isso e vamos falar da questão da literatura hoje”, sublinhou Carlos Morais José.

Por outro lado, o evento inclui várias exposições. “Existe uma exposição colectiva de artes plásticas” subordinada ao tema “Pessanha – A última fronteira” e haverá uma mostra de fotografia de António Falcão que se chama “Cleptocronos”, além de uma mostra no Instituto Português do Oriente também subordinada ao escritor, que vem do Camões – Instituto de Cooperação e Língua, em Portugal.

O evento inclui ainda uma visita à campa do autor. “No dia 7 [de Setembro], exactamente data do aniversário de Camilo Pessanha, vamos fazer uma romagem ao Cemitério pela manhã, seguida de um almoço com a família sobrevivente de Camilo Pessanha, com o apoio da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) porque eles são sócios”.

No mesmo dia decorre a sessão de encerramento, às 18:30, no Antigo Tribunal, e um jantar de gala na Residência Consular.

No campo artístico, está ainda a ser preparada uma exposição chamada “Macau no tempo de Camilo Pessanha:1894 – 1926”, com o apoio e patrocínio da Associação de Promoção da Instrução dos Macaenses. Por outro lado, o Largo do Senado, o Jardim Triangular e o Albergue da Santa Casa da Misericórdia vão ser a “casa” de três esculturas assinadas por Carlos Marreiros.

A integração de outros tipos de arte além da literatura no evento dedicado a Camilo Pessanha faz sentido, entende Carlos Morais José, quanto mais não seja porque “a literatura e a pintura sempre estiveram juntas”. “Existe um manancial de obras de Pessanha que têm inspirado bastantes artistas. A literatura e a pintura são muito próximas”, frisou o organizador.

Além disso, a vinda de mais artistas dá “uma dimensão maior às próprias celebrações porque Camilo Pessanha merece que se faça isto”. “Enquanto cidadãos de Macau temos algum dever de lembrar estas figuras que nos antecederam e Camilo Pessanha é talvez o mais ilustre português que alguma vez passou por Macau”, defendeu Carlos Morais José. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

Sobre o evento “Camilo Pessanha – 150 anos” poderá aceder a mais informação no jornal Hoje Macau


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