SÃO PAULO – Com
investimentos em infraestrutura da ordem de 2,18% do Produto Interno Bruto
(PIB) nos últimos 20 anos, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), está claro que o Brasil vai continuar por muito tempo a ser considerado
um país atrasado. Sem uma infraestrutura de transporte integrada e adequada, o
País, dificilmente, chegará ao grupo de nações desenvolvidas na primeira metade
deste século. Afinal, segundo o estudo da CNI, só para se aproximar dos demais
países emergentes, o investimento deveria ficar entre 4% e 5%.
Em razão de
dessa infraestrutura precária, em que todos os modais apresentam claras
deficiências, o custo do frete interno para a exportação de soja, por exemplo,
equivale a 25% do valor do produto. No caso do milho, chega a 50%, o que,
muitas vezes, torna inviável economicamente sua exportação. A sorte é que, por
enquanto, as cotações internacionais dessas commodities
continuam elevadas, o que ainda justifica a manutenção do negócio. Se as
cotações – que não dependem do Brasil – sofrerem alguma queda brusca, o País
deixará de ser competitivo também nesses segmentos e em outras commodities.
Por tudo isso,
seria recomendável que houvesse um esforço concentrado por parte do governo e
dos produtores para que essas commodities
passassem a ser exportadas com agregação de valor, ou seja, a partir de um
processo de industrialização. Acontece que, hoje, essa saída é praticamente
inviável diante do atual sistema tributário, que onera e adiciona custos com
impostos ao produto durante o processamento industrial.
Como a defasagem
da infraestrutura é a mesma, os custos com a logística também são acrescidos à
exportação de produtos manufaturados. Afinal, a matriz de transportes remonta
aos tempos do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) que, pressionado pelos
interesses da indústria automobilística norte-americano, optou por um modal
único de transportes, o rodoviário.
Desde então,
houve o sucateamento de linhas férreas, de portos e aeroportos e, por fim, do
próprio modal rodoviário que, para escapar do caos, teve de ser privatizado,
criando maiores ônus para a sociedade, com a excessiva cobrança de pedágios.
Tudo isso tem contribuído
sobremaneira para que os manufaturados percam competitividade, pois, embora não
estejam sujeitos a grandes oscilações de preços internacionais, sofrem
concorrência acirrada. Com isso, ficam limitados a mercados importadores
próximos, como Argentina e Venezuela, por exemplo, pois já não têm fôlego para
vôos mais altos. E ainda permanecem na dependência de instabilidades políticas
nessas nações, como é o caso da Venezuela de nossos dias. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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