Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Brasil - ADM planeja reconfigurar linhas férreas da Ponta da Praia

Esse pode ser um dos investimentos necessários para uma nova renovação de contrato

Redesenhar, ainda neste ano, as linhas férreas localizadas na Ponta da Praia e facilitar o acesso de trens carregados com cargas aos terminais daquela região. Esse é o objetivo de um estudo que vem sendo elaborado pela ADM do Brasil, em parceria com terminais vizinhos. E esse pode ser um dos investimentos necessários para uma nova renovação de contrato de arrendamento com o Governo Federal.

Até janeiro do próximo ano, a ADM pretende concluir seu plano de modernizar suas instalações e ampliar em 50% a exportação de grãos da unidade. Com esse aporte, a empresa aumentará a capacidade de embarque dos grãos de sua unidade portuária dos atuais 6 milhões para 8 milhões de toneladas por ano. O plano foi feito com o objetivo de garantir a renovação do contrato de arrendamento do terminal que, agora, vale até 2037. O projeto prevê um investimento de R$ 280 milhões.

“A gente está avaliando outros investimentos na Baixada Santista, mais voltados à área ferroviária. Também não deixa de ser um ponto positivo para a sociedade essa mudança com uma matriz mais ferroviária do que rodoviária. A gente está, sim, investindo e avaliando novos projetos nessa área”, destaca o diretor de Portos e Logística da ADM, Eduardo Carvalho Rodrigues.

Segundo o executivo, a empresa está conversando com os operadores ferroviários e com os terminais localizados na Ponta da Praia. O objetivo é redesenhar as linhas férreas em toda região e ampliar a utilização da matriz ferroviária, principalmente no Corredor de Exportação.

De acordo com Rodrigues, atualmente na ADM, 60% das cargas utilizam o modal ferroviário para chegar ao terminal. Mas a ideia é fazer com que esse volume cresça ainda mais, reduzindo a dependência de caminhões e, consequentemente, o tráfego de veículos nas vias urbanas.

Segundo dados da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a estatal que administra o Porto de Santos, a média de participação do modal ferroviário nas atividades dessas instalações é de 64%, atualmente. No período mais crítico da safra agrícola (entre maio e outubro), em razão da demanda, o índice cai para 39%, enquanto que em meses ociosos, como dezembro, a utilização de trens sobe para 94%.

Executivos do terminal chegaram a avaliar a construção de uma pera ferroviária. Trata-se de uma linha férrea montada no formato da fruta, utilizada para a realização do descarregamento dos vagões e a manobra dos trens. Mas o projeto não foi considerado viável.

“A gente avaliou a construção da pera, mas ali, por ser o final, ela iria ocupar um pedaço daquele terreno do Ministério da Pesca, que vai virar a Polícia Federal, se eu não me engano. Então, isso foi descartado. Também havia uma complexidade de projeto, porque, se fizesse essa pera, a gente teria que construir uma ponte para a pera passar por baixo e os caminhões entrarem no terminal por cima. A engenharia e os departamentos locais descartaram essa possibilidade”, explica Rodrigues sobre o projeto.

Investimento

Para o diretor da ADM, ainda é cedo para definir os valores que serão investidos na reconfiguração das linhas férreas. Mas é possível que ele se torne uma das contrapartidas para uma futura renovação do contrato de arrendamento do terminal.

A ADM iniciou suas operações no Porto de Santos em 1997 e tinha 20 anos, estabelecidos em contrato, para as operações. Em 2015, o terminal garantiu a continuidade da exploração até 2037, usando como contrapartida o investimento de R$ 280 milhões na construção de um novo armazém e ainda na aquisição de equipamentos capazes de mitigar os impactos das operações no meio ambiente.

Mas agora, com o novo marco regulatório do setor, o Decreto dos Portos, nº 9.048, os contratos podem ser renovados até o prazo máximo de 70 anos. Com isso, a ADM pode pleitear mais 30 anos de operações no cais santista.

“A gente está acompanhando de perto essas mudanças na Lei dos Portos e é até nesse sentido que a gente vem dando mais ritmo nesse investimento sobre a ferrovia. Porque nós estamos avaliando a questão de os terminais arrendados passarem para 70 anos na sua concessão”, destaca o executivo.

Segundo Rodrigues, esta é uma estratégia que está sendo cogitada pela empresa. “O Porto de Santos é muito importante para a estrutura da ADM no Brasil. Então, para nós, ganhar esses 30 anos adicionais, sim, faria muito sentido no nosso plano estratégico e, consequentemente, traríamos mais investimentos para continuar mais tempo aqui na Baixada Santista”, destaca o diretor do terminal. Fernanda Balbino – Brasil in “A Tribuna”

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