Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Macau - “A Minha Pequena Livraria” de António Conceição Júnior

Foi na internet que António Conceição Júnior descobriu a melhor maneira de vender os seus livros. “A Minha Pequena Livraria” é a tentativa de o escritor e artista plástico se libertar das livrarias convencionais, e deixar a sua obra disponível para quem a quiser comprar em Macau. Livraria esta que pode ainda evoluir para uma galeria, confessa.

“Nunca tive muito jeito para ser livreiro, nem serei”, começa por explicar António Conceição Júnior na página de Facebook aberta há cerca de uma semana e que é utilizada para vender as suas obras. “Mas Macau não tem, para quem publica, uma livraria cuja contabilidade e percentagem de lucro satisfaça o autor, nem nenhum sistema de distribuição. Simplesmente não existe”, explica. Ao Ponto Final, António Conceição Júnior completa: “Dei-me conta de que, ao fim de 42 anos de actividade em Macau, e alguma obra publicada em forma de livro, tinha ainda no meu atelier algumas caixas e prateleiras com livros que tinham ficado a secar por ausência de uma boa livraria que me satisfizesse enquanto autor. Os autores em Macau são poucos e as livrarias ainda menos, e as condições que oferecem não são aceitáveis para mim”. “Agora cobram uma percentagem muito elevada e fazem contas anualmente. Eu resolvi não aceitar. São condições para mim inaceitáveis. Então, como já aconteceu com outros assuntos na minha vida, resolvi criar ‘a minha pequena livraria’ numa rede social”, completa.

Em “A Minha Pequena Livraria”, o autor coloca à venda os livros que dispõe e enumera: “Até agora publiquei oito livros de fotografia, um álbum de Banda Desenhada em português, a sua versão em chinês, e três livros de crónicas”. E já há raridades: “Só estão disponíveis livros meus. Portanto não há muita diversidade. Mas neste momento direi que há dois livros que já se tornaram muito raros: ‘Conversas do Chá e do Café´, que foi o meu primeiro livro de escrita, e o meu Álbum de fotografias ‘Trânsitos´”. Até agora, a iniciativa “tem corrido muito bem”, diz o artista: “As pessoas têm aderido muito bem, sobretudo alguns livros. Num único dia, um álbum de fotografias meu, chamado Primum Lumen”, esgotou. Há pessoas que compraram exemplares de quase tudo que eu tenho à venda…”.

O funcionamento é simples. Basta contactar a livraria através do Facebook e dar o número de contacto pelo Whatsapp, ao que António Conceição Júnior responderá com as instruções de pagamento e com um mapa do sítio onde pode ir buscar o livro. A venda é só feita para pessoas residentes em Macau e esta livraria não faz envios por correio, ressalva António. Os preços de cada livro variam entre as 120 e as 200 patacas.

Questionado sobre se, eventualmente, quereria avançar com a sua livraria para um espaço físico, o escritor é peremptório: “Não, de modo nenhum”. E justifica: “Não tenho produção para isso e tenho outras coisas a fazer. Não sou livreiro. Tinha sim muita coisa imobilizada. Porém ficou provado que, quando respondemos prontamente, quando as pessoas nos conhecem e confiam em nós, quando dizemos claramente que esta ‘minha pequena livraria’ é como uma livraria normal e que não asseguro entregas, as pessoas ficam a saber exactamente com o que contam”.

Ainda assim, revela que este projecto pode evoluir para uma galeria online para os seus trabalhos fotográficos, e explica que as pessoas poderão depois “comprar online e levar as minhas fotografias ou pinturas (eventualmente) desde que em Macau”.

“Recordo-me de que há cerca de 20 anos escrevi artigos sobre o futuro, e esse futuro estava ligado à Aldeia Global de McLuhan. Hoje sinto-me gratificado por ver que finalmente se trabalha sistematicamente pela internet para todo o mundo”, conclui o artista. In “Ponto Final” – Macau

pontofinalmacau@gmail.com

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