Por ser branco, Denis Goldberg, passou 22 anos preso numa
cadeia para brancos, sendo, assim, obrigado a ficar longe dos seus companheiros
de combate contra o regime racista sul-africano que estavam, com Nelson
Mandela, detidos pelas mesmas razões na famosa prisão de Robben Island,
destinada aos combatentes negros. Morreu na noite de quarta-feira, pouco antes
da meia-noite, aos 87 anos
Foi
em 1964, dois anos depois de Nelson Mandela ter sido detido, que Denis Goldberg
foi condenado por traição e enjaulado por 22 anos pela sua actividade
anti-apartheid, tendo mantido até ao seu desaparecimento físico a mesma
convicção sobre a importância da luta travada até 1994, quando Mandela foi
eleito o primeiro Presidente de uma África do Sul libertada.
Sendo
judeu, filho de imigrantes vindos em família do Reino Unido, nasceu em 1933 na
Cidade do Cabo, e, como o próprio descreveu num dos seus muitos registos,
compreendeu que o que se passava na África do Sul sob o domínio do regime
racista era "muito semelhante ao que ocorrera com a Alemanha Nazi",
que perseguiu e matou mais de 6 milhões de judeus, para além de ciganos,
negros, deficientes...
Antes
da sua condenação a 22 anos de cadeia em 1964, quatro anos antes, em 1960, já
tinha passado quatro meses preso por participar numa manifestação contra o
regime após a polícia ter matado a tiro 69 pessoas durante o famoso massacre de
Sharpeville, tendo entrado oficialmente nesse momento para o braço armado do
Congresso Nacional Africano (ANC).
Seria
detido em Rivonia, próximo de Joanesburgo, durante um raide policial, em 1963,
quando preparava mais uma acção com outros combatentes do ANC, o que lhe valeu
22 anos de cárcere.
Mandela
sempre elogiou Goldberg a quem não se cansava de reconhecer um sentido de humor
excepcional, especialmente durante o julgamento que ficou para a história como
Julgamento de Rivonia, onde foram ambos condenados, entre outros.
O
duplo castigo do regime foi enviá-lo para uma prisão destinada a brancos, em
Pretória, quando os seus companheiros acabaram na distante prisão de Robben
Island. In “Novo Jornal” - Angola
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