Eusébio
Johane Tamele, também conhecido pelo pseudónimo de Zeburani, nasceu a 17 de
Abril de 1930, na localidade de Chanwane, distrito de Chibuto, na província de
Gaza.
Cresceu
num meio familiar próprio de gente de Gaza, onde as actividades principais
dividiam-se entre a igreja, escola, caça aos passarinhos, montagem de
armadilhas para animais de pequena espécie e pastorícia. Zeburane pastoreou
gado do seu pai
Eusébio
Johane Tamele contribuiu desde os primórdios da sua carreira para o
engrandecimento da cultura e, em especial, da música moçambicanas. Como
activista dos direitos da mulher, Zeburani criou e compôs temas para o seu
empoderamento, de forma única, inspiradora e cultivada, nos quais dedilhava a
sua guitarra magistralmente.
A
forma tão profunda como compôs as suas músicas fez com que estas atingissem um
alto valor estético, tornando-se, ainda, intemporais.Este é um dos factos que
explica a razão de Zeburani ter inspirado e continuar a inspirar gerações de
músicos que encontram nele a principal referência.
Eusébio
Tamele era de facto um exímio guitarrista, reconhecido a nível nacional e
internacional. Conseguiu através da sua perícia na execução produzir um som de
guitarra que os músicos da sua época só o faziam através do bandolim. Para
sermos mais precisos, o bandolim é um instrumento de cordoamento duplo; possui
quatro pares de cordas, afinadas da mesma forma que o violino: Sol, Ré, Lá, Mi,
perfazendo 8 cordas que seguem duplicadas, daí o som sair sempre estridente.
Propôs-se
e conseguiu, através da sua técnica, reproduzir com uma guitarra convencional o
som do bandolim, marcando desta forma a sua geração. Conseguiu ainda
desenvolver uma técnica única de produzir um som, através de uma execução muito
rápida com a qual granjeou simpatias e até hoje tem bastantes seguidores
(escute-se Txa Txa Txa e sentir-se-á esta verve).
Acresce
a esta, a combinação perfeita que fazia entre a voz e os (acordes) fios da
guitarra, criando uma harmonia única e jamais ouvida na história da música
moçambicana.
Quem
acompanhar atentamente as actuais tendências dos guitarristas moçambicanos
perceberá sem dificuldades, que, através de gravações feitas por Bernardo
Domingos, seguidor confesso de Eusébio Tamele, muitos jovens hoje seguem,
conscientes ou não disso, a linha de Zeburani. As canções “Felisminha e
Xitxuketa Marrabenta”, de Stewart Sukuma, são por exemplo, a continuação da
linha de execução da guitarra de Zeburani.
Eusébio Tamele
influenciou e é ídolo de muitos artistas moçambicanos, que por suas próprias
palavras se têm referido a isso, nomeadamente, Alberto Mutcheca, Dilon Dgindji,
José Mucavel, Wazimbo, Hortêncio Langa, Simião Mazuze (Salimo Muhamed), Arão
Litsure, Xadreque Mucavele, Roberto Chitsondzo, Maninho, entre outros. Música MZ TV - Moçambique
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