Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Portugal - Milhares de peças de arte das ex-colónias continuam por listar travando uma possível devolução

Os museus e os arquivos de Portugal não têm listagens das obras de arte que deram entrada no país provenientes das antigas colónias, alertou o investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, António Pinto Ribeiro, lembrando que sem essa enumeração as peças não podem ser reclamadas



"Podem ser 10 mil, 50 mil ou 80 mil. Os próprios directores dos museus não sabem", diz António Pinto Ribeiro, ex-curador da Fundação Gulbenkian, num exercício para calcular o número de obras de arte existentes em Portugal oriundas das ex-colónias.

"Muitos destes objectos estão nas reservas, nem sequer estão expostos", acrescenta, defendendo que a ausência de listagens dessas peças é um "problema gravíssimo", cuja resolução deve ser vista como "tarefa prioritária" dos próximos governos.

A posição do especialista foi apresentada em Paris, na delegação da Fundação Calouste Gulbenkian, onde, nesta quinta-feira, 22, abordou a problemática da descolonização dos museus, trazida a lume no mesmo dia em que foram parcialmente conhecidas as conclusões do relatório pedido pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a restituição de colecções de arte africana existentes em França.

O documento, solicitado à historiadora de arte francesa Bénédicte Savoy, do Collège de France, e ao economista senegalês Felwine Sarr, autor do livro "Afrotopia", defende a devolução não apenas das obras trazidas, mas também das que entraram por via de missões científicas ou doações de administrações coloniais, refere a agência Lusa, que cita o jornal Le Figaro.

Apesar de ser apologista da devolução urgente das obras, o investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, lembra que é preciso observar algumas cautelas.

"As peças devem ser reclamadas pelos Estados, não pessoas particulares. Há que ver os critérios da legitimidade de como as obras chegaram à Europa. É preciso analisar se uma determinada peça faz parte do património essencial de um país ou de uma tribo. E há ainda a questão dos arquivos coloniais. Devem ser dados os originais ou cópias digitalizadas?", questionou o investigador português, citado pela Lusa. In “Novo Jornal” - Angola

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