Professores e estudantes que
adaptaram pela primeira vez uma ópera de Mozart em Moçambique defenderam ontem
à Lusa a criação de uma “dramaturgia moçambicana”, considerando que o país
possui “talento e histórias” suficientes para produções artísticas.
“O nosso objetivo é criar uma
dramaturgia moçambicana”, disse Victor Gonçalves, docente da Universidade
Eduardo Mondlane (UEM) e diretor-geral da Ópera “Mwango e Mwango”, que ontem
estreou em Maputo.
Com a primeira apresentação,
que juntou centenas de pessoas no Centro Cultural da UEM, os organizadores
esperam mudar a consciência da sociedade sobre a importância da arte, contando
histórias baseadas na realidade do país.
“Queremos criar uma
dramaturgia com base em temas e histórias de Moçambique. Esta apresentação é
uma forma de ensaiar esta perspetiva”, afirmou Victor Gonçalves.
A ópera é o resultado de uma
adaptação de “Bastien und Bastienne”, uma das primeiras obras de Mozart,
baseada numa peça de Jean Jaques Rousseau, e que foi apresentada pela primeira
vez em 1768.
O enredo original narra as
aventuras de Bastienne, uma jovem camponesa que perde o seu amado para uma
nobre dama. A jovem procura um feiticeiro para recuperar o seu amado.
Na versão adaptada, a história
acontece na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, e conta também a
experiência de uma rapariga que recorre a um curandeiro para recuperar o seu
amado.
Para o reitor da UEM, Orlando
Quilambo, a iniciativa vai contribuir para uma mudança de consciência sobre a
importância da arte e da cultura em Moçambique, principalmente entre a camada
jovem.
“A cultura é o instrumento
orientador da sociedade. Não há desenvolvimento sem cultura”, frisou à Lusa o
reitor da UEM.
“Sentimo-nos orgulhosos: os
nossos estudantes e professores conseguiram aqui ter uma tradição europeia
misturada a uma tradição moçambicana”, concluiu.
O nome “Mwango e Mwango” é
proveniente da língua maconde, falada numa parte do norte de Moçambique, e em
português significa “meu e minha”.
A ópera, apresentada no Centro
Cultural da Universidade Eduardo Mondlane, foi interpretada em cena por três
cantores, sete músicos e dois atores, sob olhar atento de várias
personalidades, entre as quais diplomatas e antigos quadros do Governo
moçambicano. In “Por Somos” – Macau com “Lusa”
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