Wang
Suoying, antiga docente em Macau e actual presidente da Associação Portuguesa
dos Amigos da Cultura Chinesa, acredita que a visita que Xi Jinping está a realizar a
Lisboa poderá incentivar o interesse dos portugueses pela aprendizagem da
língua e cultura chinesas, algo que na sua perspectiva é fundamental para ligar
os “corações” dos dois povos. Em entrevista à Tribuna de Macau, a propósito da
visita oficial do Presidente chinês a Portugal, a académica sublinhou ainda que
“uma China forte é um suporte firme para os compatriotas que vivem no
estrangeiro”
Na qualidade de presidente da
recém-criada Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, que tem sede
na freguesia lisboeta do Areeiro e cujo objectivo é promover a compreensão e a
amizade entre Portugal e a China, Wang Suoying encara com franco optimismo a
visita de Estado que Xi Jinping está a realizar em Lisboa, nomeadamente pelo
impacto que poderá ter ao nível do ensino das línguas dos dois países.
A docente, que trabalhou em
Macau entre 1987 e 1990 (no Instituto Cultural e na Agência Xinhua), salientou
que o interesse pela língua chinesa é hoje alimentado por factores distintos de
outros tempos, quando muitas pessoas decidiam estudar Chinês simplesmente por
curiosidade. “À medida que evoluiu a relação económica e comercial entre os dois
países, cada vez mais jovens passaram a dedicar-se à aprendizagem da língua
chinesa, para terem melhores oportunidades de emprego e um futuro mais
brilhante”, destacou a académica em entrevista à Tribuna de Macau.
Nesse contexto, a Mestre em
Linguística pela Universidade Nova de Lisboa manifestou o seu desejo e
esperança de que esta visita oficial do Presidente Xi Jinping contribua para
que mais portugueses sejam incentivados para a aprendizagem da língua e da
cultura chinesa.
“Também espero que a visita
encoraje mais chineses a aprender e conhecer Portugal em termos de língua e da
cultura”, apontou Wang Suoying, ao defender que o conhecimento mútuo nessas
duas vertentes é crucial para que os povos dos dois países possam manter os
seus “corações ligados”.
Ao longo de vários anos, a
docente bilingue e o seu marido, Lu Yanbin, têm-se dedicado sempre à promoção e
divulgação da língua e cultura da China, bem como ajudado compatriotas que
vivem em Portugal a aprender Português, por forma a facilitar a sua integração
na sociedade portuguesa.
“Através dos contactos diários
que tenho com os portugueses, sinto que tratam os chineses de uma forma muito
simpática”, destacou a professora.
Por outro lado, graças à
experiência de viver há quase três décadas em Portugal, Wang Suoying frisou ter
testemunhado grandes avanços nos laços sino-lusófonos em todas as áreas,
destacando o facto de, sobretudo nos últimos anos, cada vez mais empresas
chinesas terem decidido investir em Portugal. Além disso, acrescentou, o número
de turistas chineses que escolheram Portugal como destino de visita também
registado um acréscimo significativo.
“Vou dar um exemplo muito
simples: há quase 30 anos, nas ruas de Lisboa era quase impossível ver um
chinês. Mas agora, em qualquer rua ou bairro, podemos encontrar sempre uma cara
chinesa. Isso explica suficientemente que a China seja hoje efectivamente um
país próspero que beneficia o seu povo”, realçou a académica.
Na mesma linha, Wang Suoying
mostra-se convicta de que “uma China forte é um suporte firme para os
compatriotas que vivem no estrangeiro”. “Acreditamos que a nossa pátria será
cada vez mais forte e que a relação entre a China e Portugal também continuará
a melhorar”, rematou a presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da
Cultura Chinesa.
Em Novembro, na apresentação
da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, a professora destacou
que a nova entidade pretende, acima de tudo, “promover a compreensão e a
amizade” entre Portugal e China, países que em 2019 vão celebrar 40 anos do
restabelecimento das relações diplomáticas. A associação quer promover “todas
as formas de intercâmbio cultural, social, educacional e formativo e de
solidariedade social entre Portugal e China”.
Natural de Xangai, Wang Suoying
também integra o corpo docente do Departamento de Línguas e Culturas da
Universidade de Aveiro e tem sido responsável pelos cursos de Língua e Cultura
Chinesa na Delegação Económica e Comercial de Macau e no Centro Científico e
Cultural de Macau, bem como coordenadora do curso de Língua e Cultura Chinesa
na Escola Superior de Medicina Chinesa Dr. Pedro Choy. Depois de ter sido
condecorada pelo Governo de Macau em 1999, por mérito profissional, foi nomeada
em 2013, pela televisão estatal CCTV, como uma das 20 personalidades que mais
contribuem para a divulgação da cultura chinesa, tal como o seu marido.
Além do trabalho desenvolvido
no ensino e da publicação de vários livros, o casal também criou, em 2009, o
Coro Molihua, composto por alunos portugueses de Chinês.
Universidades
lusas atraem cada vez mais alunos da China
Mais de mil estudantes
chineses estavam inscritos nas instituições de ensino superior em Portugal no
ano lectivo 2017-18, maioritariamente no sector público (994), de acordo com dados
oficiais. Entre as instituições com mais de 100 alunos chineses inscritos no
ano lectivo transacto, contam-se a Universidade de Lisboa (205), o ISCTE –
Instituto Universitário de Lisboa (169), a Universidade de Aveiro (151) e a
Universidade Nova de Lisboa (125). No ano lectivo 2000-01, havia apenas 38 nas
instituições de ensino superior em Portugal, número que cresceu continuamente
desde então, excepto em 2006/07. Em 2016-17, ultrapassou-se pela primeira vez a
barreira dos mil alunos (1.004), segundo dados facultados à agência Lusa pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, tendo por base os registos
da Direcção Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) relativas aos
estudantes de nacionalidade chinesa inscritos nas instituições de ensino
superior nacionais. Enquanto os chineses procuram formação em Portugal, os
portugueses procuram também aprender Mandarim, sendo que várias instituições
dispõem de aulas e actividades. Por exemplo, no Instituto Politécnico de
Leiria, que tem uma licenciatura em Tradução e Interpretação
Português-Chinês/Chinês-Português, em parceria com instituições chinesas, os
estudantes realizam o 2º ano em Pequim e o 3º em Macau. Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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