O Quénia pode perder o porto
de Mombaça, o maior do país e da África Oriental, para a China, caso falhe o
pagamento de obrigações ao Banco de Exportações e Importações da China (BEIC),
segundo os media locais.
De acordo com um artigo
publicado pelo jornal diário queniano Nation, que cita um relatório do
auditor-geral do país, a penhora do porto poderá ocorrer caso o Governo do
Quénia não consiga pagar o empréstimo contraído para a construção de uma linha férrea
entre Mombaça e várias cidades, incluindo a capital, Nairobi.
Em 2014, o banco chinês
acordou um empréstimo de 90% dos 3800 milhões de dólares para a realização da
empreitada, tendo o Quénia assegurado, no ano seguinte, um crédito adicional de
1500 milhões de dólares para expandir a rede em mais 120 quilómetros.
“Não temos comentários a fazer
sobre o assunto porque qualquer documento divulgado teria de fazer parte de um
processo de auditoria interna, e nós não comentamos a validade ou autenticidade
desses documentos por uma questão de política”, disse o responsável pela
comunicação do gabinete do Auditor-Geral do Quénia, citado pela Bloomberg.
Segundo o artigo do Nation, o
relatório indica que caso as dívidas não sejam saldadas, as receitas da
Autoridade Portuária do Quénia (APQ) serão utilizadas para pagar a dívida ao
país asiático. No final do primeiro semestre de 2018, as receitas da APQ
cifravam-se em 42 700 milhões de xelins quenianos.
De acordo com os dados do
Tesouro do Quénia, a China representa o maior credor do Quénia, com 22% da
dívida pública externa, calculada em 2,4 biliões de xelins quenianos.
A construção da ferrovia
queniana integra o projeto de infra-estruturas internacional ‘Uma Faixa, Uma
Rota’, criado pelo Presidente chinês, Xi Jinping.
Lançada em 2013 pelo chefe de
Estado chinês, o projeto, também apelidado de ‘nova rota da seda’, inclui a
construção de portos, aeroportos, auto-estradas, centrais elétricas ou malhas
ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste asiático.
A iniciativa é vista como uma
versão chinesa do ‘Plano Marshall’, lançado pelos Estados Unidos, após a
Segunda Guerra Mundial, e que permitiram a Washington criar a fundação de
alianças diplomáticas e militares que perduram até hoje.
A perda do controlo de
infra-estruturas por parte de países com dívidas à China não é inédita. No
final de 2017, o Governo do Sri Lanka, ao não cumprir com as obrigações com a
China, cedeu o porto de Hambantota para o Executivo chinês por um período de 99
anos.
De acordo com o New York
Times, esta transferência fortaleceu o controlo chinês num território pouco
distante da costa da Índia, um dos principais rivais comerciais locais.
As mesmas razões levaram a
que, em Setembro deste ano a Zâmbia também cedesse o seu aeroporto
internacional à China. In “Hoje Macau” - Macau
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