A
língua portuguesa é, assim, a 10ª língua a ser ensinada na Escola Internacional
das Nações Unidas, em Nova Iorque, fruto de um memorando de entendimento
assinado na sede da ONU
A língua portuguesa começou a
ser ensinada na semana passada na Escola Internacional das Nações Unidas (UNIS,
na sigla em inglês), em Nova Iorque (EUA), sendo ministrada em regime extra
curricular a 20 alunos naquela instituição de ensino da ONU. Este projeto
piloto estende-se durante um ano letivo completo, com o objetivo de que passe
depois a integrar o currículo da escola.
As aulas são dadas por dois
docentes, uma professora brasileira e um professor português, com métodos de
ensino diversificados e abrangendo as diversas variantes da língua e a
cooperação estabelecida no protocolo será acompanhada pelo Coordenador do
Ensino de Português nos EUA, João Caixinha.
O memorando de entendimento
foi assinado no dia 5 de dezembro, já depois do início das aulas, pelos
representantes permanentes de Portugal e do Brasil junto das Nações Unidas,
embaixadores Francisco Duarte Lopes e Mauro Vieira, respetivamente, e pelo
diretor executivo da UNIS, Dan Brenner.
Resultado do empenho do Camões
– Instituto da Cooperação e da Língua (Camões, I.P.), I.P., do Ministério dos
Negócios Estrangeiros de Portugal e do Ministério das Relações Exteriores do
Brasil, esta parceria entre os dois países, realizada pela primeira vez no
ensino do português, “tem em vista a integração futura no currículo da Escola
(Internacional das Nações Unidas), juntamente com outras nove línguas,
incluindo as seis línguas oficiais das Nações Unidas”, refere uma nota
divulgada pelo Camões, I.P.
Ensino
com diversidade
A cerimónia de assinatura do
memorando realizou-se no gabinete do Secretário-Geral das Nações Unidas, que
testemunhou o momento.
António Guterres desejou
felicidades e que “o acordo fosse aplicado, que o ensino do português na Escola
(Internacional das Nações Unidas) tivesse sequência e que fosse mais um passo
no sentido de aumentar a utilização do português no sistema das Nações Unidas”,
revelou aos jornalistas, no final da cerimónia, o Representante Permanente de
Portugal junto da ONU.
Francisco Duarte Lopes referiu
o facto das aulas de português serem ministradas como uma atividade extra
curricular, mas sublinhou a vontade de Portugal e do Brasil de que “com a
sustentabilidade que a cooperação entre os dois países dá a este projeto”,
possa futuramente “haver uma hipótese do português ser também oferecido
curricularmente na escola”.
Segundo o embaixador português
há, no âmbito das Nações Unidas, muitos falantes de português e as atividades
das Nações Unidas “também se vão desenrolando há muitos anos em países de
língua portuguesa”. “Com este projeto queremos também dar a esta geração mais
jovem a possibilidade de conhecer melhor uma língua, mas dar-lhes também a
conhecer as culturas dos países de língua portuguesa”, sublinhou o diplomata.
Para o embaixador brasileiro
Mauro Vieira, o facto das aulas serem dinamizadas por uma docente brasileira e
um docente português valoriza a “diversidade da língua e da forma de se
expressarem em cada um dos dois países, mas também da cultura, do turismo,
enfim, de tudo o que envolve a expressão em língua portuguesa”.
“Acho que vai ser uma
excelente plataforma de introdução do idioma português”, defendeu o
Representante Permanente do Brasil junto da ONU, assumindo ainda não ter
dúvidas de que a língua portuguesa “gera também negócios importantes”.
Os custos da manutenção do
curso e dos professores são suportados pelas missões permanentes de Portugal e
do Brasil junto da ONU.
Alunos
dos oito aos 18 anos
O atual adjunto de Coordenação
do Ensino Português nos EUA é o professor português responsável pelas aulas na
Escola das Nações Unidas.
José Carlos Adão explicou que
o português está a ser lecionado na UNIS nos níveis primário, básico e
secundário, com aulas três vezes por semana a alunos com idades entre os oito e
os 18 anos.
“Trata-se de um projeto que
começou na semana passada com aulas a vários níveis de proficiência, com alunos
que já falam português em casa, que têm pais que falam português. A maioria dos
alunos, até ao momento, é de origem brasileira, mas temos outros alunos de
outras nacionalidades”, revelou José Carlos Adão. “A língua portuguesa tem um
valor económico que tem dado cartas”, destacou ainda.
Uma notícia publicada pela
agência Lusa adianta que a ideia deste projeto piloto foi apresenta aquando da
ida do presidente do Camões, I.P., Luís Faro Ramos, a Nova Iorque, a 5 de maio,
para o evento Dia da Língua Portuguesa nas Nações Unidas.
De recordar que este ano, as
comemorações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa repartiram-se por 180 ações, em 57 países, mas o grande
destaque foi para as celebrações que decorreram durante todo o dia, e pela
primeira vez, nos jardins das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Na altura, o ministro dos
Negócios Estrangeiros, afirmava que a celebração nos jardins das Nações Unidas,
dava “uma nova expressão simbólica e institucional a estas iniciativas”.
Augusto Santos Silva destacava ainda que as atividades culturais iriam decorrer
junto de uma organização na qual “todos os países da CPLP investem muito” e
junto de um sistema “no qual nós pensamos que a língua portuguesa a médio prazo
se tornará, com toda a justificação e mérito, também uma língua oficial”.
A confirmação oficial da
introdução do português na Escola Internacional das Nações Unidas foi dada a 10
de outubro, em Lisboa, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros português e
brasileiro, mas tinha já sido avançada a 21 de setembro pelo presidente do
Camões, I.P., Luís Faro Ramos, durante a apresentação em Lisboa da Rede de
Ensino Português no Estrangeiro (EPE) para 2018/2019, numa sessão presidida
pelo ministro Augusto Santos Silva.
Entre as novidades da rede
projetada para 2018-2019 estava a informação de que já em 2018 iriam iniciar-se
o ensino da língua portuguesa extracurricular na UNIS, com um docente português
e outro brasileiro. Esta parceria surge no âmbito de dinâmicas de cooperação
entre Portugal e o Brasil, entre as quais está ainda a possibilidade dos dois
países realizarem um projeto conjunto de ensino no Casaquistão.
Uma
escola com 1600 alunos
A Escola Internacional das
Nações Unidas foi criada em 1947 em Nova Iorque por um grupo de pais funcionários
da ONU para implementar um sistema de ensino internacional preservando as
diferentes culturas dos filhos de funcionários dos diversos países, a trabalhar
nas Nações Unidas.
Atualmente, a UNIS tem 1600
alunos de mais de 50 nacionalidades nos dois edifícios da escola, um situado em
Jamaica, bairro de Queens, e outro em Manhattan. Cobre todos os níveis de
ensino, exceto o universitário. De acordo com a escola, os seus “padrões
acadêmicos reconhecidos internacionalmente capacitam os alunos a estudar nas melhores
faculdades e universidades dos Estados Unidos e do mundo.”
A principal língua de ensino é
o inglês e todos os alunos estudam francês ou espanhol. Podem também aprender
árabe, chinês, alemão, italiano, japonês e russo. A partir de agora, também o
português.
A Rede de Ensino Português no
Estrangeiro (EPE) é coordenada pelo Camões – Instituto da Cooperação e da
Língua e chega nesta ano letivo a 80 países, mais cinco do que em 2017-2018:
Azerbaijão, Casaquistão, Camarões, Gana e Panamá.
Nos Estados Unidos da América,
o universo de estudantes cobertos pelo EPE cresceu dos 13 556 em 2007 para os
28 469 em 2017. Este ano, a língua portuguesa foi introduzida no programa
americano de educação, tendo sido considerada “idioma relevante para a segurança
nacional e a prosperidade da economia do país”. Ana Grácio – Portugal in “Mundo Português”
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