A língua portuguesa é ensinada
nas três mais importantes universidades da África do Sul, estando ainda
prevista a introdução do português em outras duas instituições de ensino
superior sul-africanas.
Na Universidade de
Witwatersrand (Wits) estão atualmente inscritos 46 alunos, entre os quais oito
alunos inscritos para o honours em 2019. A Universidade de Pretória teve, no
segundo semestre deste ano, 45 alunos inscritos. A Universidade do Cabo teve um
total de 78 alunos no ano letivo que agora termina, quatro dos quais concluíram
este ano o major em Português. Há ainda seis novos alunos inscritos para 2019.
“Tenciona-se introduzir o ensino de português nas Universidades do Free State,
de Mpumalanga – em instalação, tendo sido aprovada este ano pelo Ministério do
Ensino Superior a Faculdade de Humanidades – e do Kwazulu Natal. A
concretizar-se, ficarão cobertas cinco das nove principais províncias da África
do Sul”, revela Carlos Gomes da Silva.
Um
grupo heterogéneo
No geral, na África do Sul os
alunos a nível universitário formam um grupo heterogéneo, mais visível na
Universidade de Witwatersrand onde há alunos sul-africanos, lusodescendentes,
lusófonos e de outras nacionalidades a estudar a língua portuguesa. “Uma larga
maioria dos alunos são sul-africanos que começam a aprender português pela
primeira vez na universidade, no entanto, são os alunos lusodescendentes e
lusófonos, que chegam ao ensino universitário com conhecimento prévio da
língua, que completam o programa de major”, sublinha o coordenador do EPE no
país.
Também na Universidade do Cabo
o perfil dos alunos é variado. No primeiro ano, muitos escolhem português como
disciplina de opção. São, em grande parte, alunos dos cursos de engenharia que
pretendem, no futuro, trabalhar em Moçambique. Há ainda um considerável número
de alunos que têm pais ou avós portugueses, angolanos ou moçambicanos e outros
com motivações diversas, “desde curiosidade, visitas feitas a Moçambique
sobretudo, e desejo de conhecer mais a cultura lusófona”, conta Carlos Gomes da
Silva.
Já na Universidade de
Pretória, de uma forma geral, os alunos aprendem português por razões
familiares “ou por verem na língua portuguesa uma forma de maior
empregabilidade”, completa.
A Coordenação do EPE na África
do Sul tutela ainda o ensino em outros países da região sul do continente
africano. A nível universitário, na Universidade da Namíbia a adjunta de
coordenação assegurou a continuidade do programa de bolsas para a formação de
professores de português e na Universidade do Botsuana os cursos de português
para adultos chegam atualmente a 70 alunos. Neste país, a docente colabora
ainda com o Secretariado da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África
Austral), onde leciona um curso de língua para os funcionários daquela
organização internacional.
Na Universidade da
Suazilândia, a leitora está a preparar os programas e currículo para serem
incluídos na licenciatura com a variante de Português (‘Portuguese Bachelor
Education Programme’) e colabora ainda com o National Curriculum Centre (NCC),
no desenvolvimento dos currículos de português para o ensino básico e
secundário. E na Universidade do Zimbabué – onde há um leitor moçambicano ao abrigo
de um protocolo de cooperação do Camões, I.P. com as universidades Eduardo
Mondlane e do Zimbabué – o programa de português inclui cursos livres, major e honours, frequentados por 51
alunos.
Novidades
em 2019
Para o próximo ano letivo, que
começa no início de 2019, há várias novidades. Na Universidade de Witwatersrand
vai começar a pós-graduação em Estudos Portugueses, que inclui uma componente
de ensino de português como língua estrangeira, e está também pré-aprovado o
mestrado para o ano de 2020, revela Carlos Gomes da Silva. Na Universidade da
Namíbia, a licenciatura em ‘Estudos Portugueses’ foi renovada, “garantindo-se
também a continuidade do estudo de português como opção na maior parte das
licenciaturas da faculdade”.
Na Universidade do Botsuana o
currículo da licenciatura em ‘Português e Estudos Lusófonos’ e respetivos
programas foram revistos pela atual docente. Foi submetida para a aprovação do
Senado “e esperamos que os primeiros cursos sejam lançados no próximo
ano-letivo”, informa ainda.
Outra aposta do Camões, I.P. é
o estabelecimento de protocolos entre universidades portuguesas e
sul-africanas. A Universidade de Pretória tem já protocolos de cooperação com
universidades portuguesas, de que é exemplo a Universidade do Porto, bem como com
a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique. Há neste momento um processo de
negociações para a concretização destes protocolos, “que poderão passar por
investigação conjunta e/ou intercâmbio de alunos e professores”, explica o
coordenador do EPE.
Já este mês, na sequência da
visita da Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, Teresa Ribeiro, e do
Presidente do Camões, I.P., Luís Faro Ramos, à África do Sul, vão ser iniciados
contatos entre a Universidade de Witwatersrand e algumas instituições universitárias
portuguesas, intermediados pelo Camões, I.P., para o estabelecimento de
protocolos de cooperação que têm por objetivo o intercâmbios entre estudantes e
docentes dos dois países.
Cursos
b-learning: uma aposta a manter
A Coordenação do EPE tem
apostado ainda nos cursos b-learning,
modalidade de ensino que combina a formação à distância e a formação
presencial, e é reconhecida como projeto-piloto para as restantes línguas não
oficiais na Universidade de Witwatersrand.
Os programas b-learning permitem “racionalizar os
recursos e custos”, sublinha o coordenador, sendo desenvolvidos em vários
cursos dos programas de português, nomeadamente língua, cultura, literatura e
cinema dos países de língua portuguesa, nas plataformas das instituições
universitárias.
Carlos Gomes da Silva refere
que a Universidade de Witwatersrand tem atualmente o programa curricular de
português mais completo, “oferecendo desde janeiro de 2017 todos os cursos de
língua, cultura e literatura dos países de língua portuguesa em modelo b-learning – 50% presencial, 50% online”. A modalidade é desenvolvida
pela leitora e um docente do ensino secundário da rede EPE, em estreita
colaboração com a Coordenação de Ensino, o que permite oferecer todos os cursos
do programa de major e honours.
“Na discussão desta
modalidade, garantimos que as componentes dos cursos online poderiam ser partilhadas pelas restantes universidades
anglófonas da sub-região. As Universidades de Pretória, do Cabo, do Botsuana e
do Zimbabué foram abordadas durante a segunda metade de 2016, tendo todas,
manifestado interesse pela adoção do b-learning”,
sublinha o responsável.
Cabe aos leitores e docentes
das várias universidades, monitorizarem as componentes online, num processo que, segundo Carlos Gomes da Silva, representa
uma redução de mais de 40% da carga horária de cada um deles, “tornando o
processo de ensino e de aprendizagem mais económico e interativo”. Ana Grácio – Portugal in “Mundo
Português”
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