Resex
Solar
Desde que a energia solar
começou a ser gerada em Lábrea, no sul do Amazonas, cerca de mil famílias de
extrativistas que vivem em torno do município vêm tendo mais acesso à saúde e
educação e a meios alternativos de produção econômica.
Por meio do projeto-piloto
Resex Solar, as comunidades de reservas extrativistas Médio Purus e Ituxi
receberam, nos últimos dois anos, capacitação para instalar e manter sistemas
solares, que permite gerar energia nas casas e escolas, entre outros pontos da
região.
O Resex Solar é desenvolvido
pela ONG WWF-Brasil em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) e o Ministério de Minas e Energia, que abriu edital
para doar equipamentos solares que não estavam sendo usados desde a década de 90.
O processo de licitação permitiu que a WWF adquirisse 300 painéis solares que
foram enviados para a cidade de Lábrea.
Qualidade
de vida e renda
A região escolhida para o
projeto é uma das mais carentes do país e não oferece energia barata para todas
as comunidades. De acordo com relatório da Agência Internacional de Energia
(AIE), pelo menos 1 bilhão de pessoas ainda não tem acesso à eletricidade no
mundo, sendo que 1 milhão vive no Brasil, principalmente na Amazônia.
A renda média dos
extrativistas do Médio Purus é de R$ 465 por mês, segundo o ICMBio. Se a
energia fosse gerada por diesel ou gasolina, seriam consumidos pelo menos R$
450 da renda mensal das famílias por apenas três horas de funcionamento do
gerador por dia. Só nas escolas, seriam gastos mais de R$ 25 por dia para cada
quatro horas de aula, período em que o gerador consome um litro de gasolina.
Em vídeos, que foram exibidos
durante a COP 24, na Polônia, os moradores destacam que o dinheiro que seria
gasto com o combustível pode ser investido em outras necessidades. Desde a
instalação dos painéis, as famílias têm conseguido produzir gelo para
refrigerar produtos como açaí, castanha, borracha, óleos vegetais, frutas
regionais e algumas espécies de peixes para comercialização.
O sistema de energia solar
possibilitou também a instalação de uma bomba hidráulica para produção de
alimentos como mandioca e para abastecimento das residências. Quase 90% das
pessoas da Reserva Extrativista Médio Purus precisava caminhar até o rio para
buscar água em baldes. A coleta da água sem filtragem também provocava doenças,
como diarreia.
Dados divulgados pela
organização mostram que um sistema solar de 0,8KW na Amazônia gera, em média, 4
kwh por dia ou 1460 Kwh em um ano. Esse volume evita a queima de 489 litros de
diesel e a emissão de pelo menos 1300 quilogramas de dióxido de carbono na
atmosfera.
Reserva
extrativista do Alto Juruá
Outro projeto está sendo
desenvolvido na fronteira do Acre com o Peru por uma organização ambiental
alemã, que tem trabalhado com comunidades que vivem ao longo do Rio Juruá.
"É um absurdo eles terem
que levar diesel para lá para gerar energia. Diesel é um produto caro, e o
investimento em energia solar seria inicialmente alto, mas é sustentável. Em
uma visão de anos, consegue-se economizar o dinheiro que se investe agora no
diesel", comentou a antropóloga Eliane Fernandes Ferreira.
Em parceria com a Universidade
de Hamburgo, Eliane trabalha atualmente em uma pesquisa sobre povos ameaçados
da Amazônia. O foco está na cidade de Marechal Thaumaturgo, no Acre, onde
muitas famílias transportam diesel pelo Rio Juruá para ter acesso à energia. Na
reserva extrativista do Alto Juruá, as comunidades tem energia só quatro horas
por dia, e é difícil para as famílias conservar alimentos e remédios e ter
acesso à informação.
"A energia fotovoltaica é
a melhor solução porque abrange vários campos onde a sociedade só vai ter a
ganhar. Se a gente fala de desenvolvimento sustentável consciente, tem que
lutar pela geração desse tipo de energia, sobretudo na floresta. Isso deveria
ser prioridade de governo," enfatizou Eliane. In
“Inovação Tecnológica” com “Agência Brasil”
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