Vamos
aprender português, cantando
No teu poema
existe um verso em branco e sem medida
um corpo que respira, um céu aberto
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo
o passo da coragem em casa escura
e aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite
o riso e a voz refeita à luz do dia
a festa da senhora da agonia
e o cansaço do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva, a luta de quem cai ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
o canto em vozes juntas, vozes certas
canção de uma só letra
e um só destino a embarcar
no cais da nova nau das descobertas
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera… do futuro.
Simone
de Oliveira - Portugal
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