A
produção de veículos eléctricos no mundo poderá atiçar a procura de grafite em
Moçambique, um minério-chave nos ânodos das baterias de iões de lítio que
alimentam aquele tipo de viaturas. A grafite é, desse modo, uma commodity que
pode vir a catapultar a mineração e a economia moçambicana, nos próximos anos,
e já se perfilam duas concessões mineiras na corrida.
A revolução dos automóveis
eléctricos pode vir a ser mais incisiva do que os governos e as companhias de
petróleo acreditam. Uma pesquisa da Bloomberg New Energy Finance sugere que
haverá maiores reduções nos preços das baterias, e que durante a década de
2020, os veículos eléctricos vão-se tornar uma alternativa mais económica do
que os automóveis a diesel ou gasolina na maioria dos países.
Numa autêntica senda de
mudança de veículos, o Reino Unido já anunciou que vai banir os automóveis
movidos a gasolina e diesel, no seu território, até 2040. Como a vida útil dos
motores a gasolina e diesel geralmente não excede os 10 anos, o objectivo do governo
britânico é retirar os veículos que usam essas motorizações das vias de
circulação até 2050.
Na França, o ronco do motor
movido a combustível também tem os dias contados. Tudo porque também o Governo
francês anunciou que não irá vender mais veículos movidos a diesel ou gasolina
até ao mesmo período (2040). Paralelamente, houve outros países que se
revelaram ainda mais drásticos nas suas decisões. A Índia e a Alemanha
pretendem ter uma frota 100% eléctrica 10 anos antes, ou seja, em 2030 e a
Noruega em 2025.
A previsão mostra que as
vendas de veículos eléctricos em todo o mundo vão crescer de forma constante
nos próximos anos, do recorde de 700 mil unidades em 2016 para 3 milhões até
2021. Aliás, estudos prevêm que as vendas de veículos elétricos venham a
alcançar as 41 milhões de unidades até 2040, representando 35% das vendas de
novos carros ligeiros. A partir da observação dos movimentos de grandes
empresas automobilísticas, um relatório da Consultora Morgan Stanley de 2016
estima que em 2025 os carros eléctricos já representem 15% do mercado mundial,
ao passo que actualmente eles representam apenas 0,86%.
Esta mudança projectada entre
o presente ano e 2040 terá certamente implicações que irão além do mercado de
automóveis. A pesquisa estima que o crescimento dos veículos eléctricos irá
representar um quarto dos automóveis nas estradas até essa data, substituindo
13 milhões de barris de petróleo bruto por dia, mas utilizando 1900 KWh de
electricidade. Valor esse que seria o equivalente a cerca de 8% da demanda
global da electricidade em 2015.
Este cenário demonstra
claramente a perda de terreno do petróleo perante a energia eléctrica, com o
recurso ao uso das baterias. E a ajudar à revolução eléctrica nos automóveis,
eis que os custos das baterias de ion-lítio (usadas nesses engenhos) já caíram
65% desde 2010, chegando ao valor de US$ 350 por KWh, esperando-se que chegue a
atingir os US$ 120 por KWh até 2030.
“Boom” dos automóveis eléctricos coloca
grafite moçambicana em alta
A demanda de grafite deverá
aumentar 500 por cento nos próximos 10 anos devido ao crescimento exponencial
esperado no mercado de veículos eléctricos, segundo David Flanagan, director da
Battery Minerals.
De acordo com a West
Australian, Flanagan diz que o projecto ‘Montepuez Graffite’ da sua empresa em
Moçambique está preparado para fazer parte da solução global de fornecimento.
Isto porque o grafite é um ingrediente-chave nos ânodos das baterias de iões de
lítio que alimentam os veículos elétricos.
A Battery Minerals espera iniciar
a construção do seu projecto, investindo entre 57 a 67 milhões de dólares no
primeiro semestre de 2018, com as primeiras exportações previstas para os
primeiros quatro meses de 2019.
Por seu turno, a Syrah
Resources pretende fazer com que a sua exploração mineira de Balama “seja o
maior produtor mundial de grafite a um preço baixo, ultrapassando a China, e
colocando num mercado em expansão um produto de elevada qualidade”.
A concessão de Balama, que
cobre uma área de 106 quilómetros quadrados, fica localizada a 265 quilómetros
da cidade de Pemba (Cabo Delgado). Segundo o seu último relatório (Julho-Agosto
de 2017), a construção do projecto encontra-se em 90% e é expectável que a
primeira actividade venha a ter lugar em Outubro.
Tendo em conta as oportunidades
expostas, Moçambique precisa de se preparar para mais um desafio, além do
carvão e do gás natural. In “Revista Capital” - Moçambique
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