Ímãs
sem terras raras
Embora grande parte dos
fabricantes de automóveis já tenha anunciado planos para converter seus carros
- totalmente ou parcialmente - para versões elétricas, abandonando o centenário
motor a combustão, ainda há alguns gargalos para viabilizar uma mudança em
larga escala.
A principal delas é que os
motores para carros elétricos dependem largamente de ímãs de terras raras.
Embora não sejam exatamente raros, esses minerais são difíceis de processar,
custam caro e, sobretudo, têm uma oferta reduzida.
É por isso que tem havido um
esforço para fabricar ímãs de alto desempenho sem terras raras.
Um desses esforços é o projeto
Armeva, financiado pela União Europeia.
"O objetivo que
estabelecemos para nós mesmos foi a elaboração de uma solução que não envolva
materiais de terras raras, mas que, no entanto, tenha um desempenho pelo menos
tão bom quanto os melhores motores elétricos de hoje," disse Saphir Faid,
gerente do projeto.
Motor
de relutância comutada
Em apenas dois anos, a equipe
desenvolveu uma nova tecnologia que, além de cumprir sua proposta de
desempenho, mostrou-se factível economicamente.
A solução baseia-se em um
princípio diferente do utilizado nos motores elétricos atuais. "A maioria
dos motores elétricos no mercado hoje são baseados na força Lorentz,"
explica Faid. "Eles exploram um princípio pelo qual uma corrente
[elétrica] que passa por um condutor colocado sob um campo magnético produzirá
uma força perpendicular à corrente e ao campo magnético".
A nova tecnologia se baseia no
princípio da relutância, um fenômeno que afeta o fluxo magnético de forma
semelhante à da resistência em um circuito elétrico. "Basicamente,"
explica Faid, "baseia-se no fato de que um objeto em um campo magnético
irá alinhar-se de tal forma que o fluxo magnético seja maximizado".
O movimento do objeto que
tenta se alinhar ao fluxo pode ser usado para transformar a eletricidade em
energia mecânica, e existem várias maneiras de fazer isto. Após uma análise de
três métodos particularmente promissores, a equipe do projeto Armeva optou pela
relutância comutada. É uma técnica pela qual um rotor gira conforme se ajusta a
rápida mudanças no campo magnético, com essas mudanças sendo induzidas
eletronicamente para os diferentes pólos do motor de forma síncrona com a posição
real e o movimento do rotor.
É uma abordagem com potencial
já reconhecido, mas que havia se deparado com alguns problemas sérios, entre
eles a complexidade do projeto e do seu controle, além de bastante vibração e
ruído.
A equipe afirma ter encontrado
maneiras de enfrentar esses problemas e acredita estar muito próximo de
viabilizar a tecnologia em escala industrial, tanto do ponto de vista técnico
como econômico.
Conversão
de carro elétrico
A demonstração da tecnologia
incluiu a substituição do motor de um veículo elétrico comercial por um novo
motor construído com a tecnologia Armeva - ambos têm basicamente o mesmo
tamanho.
Os resultados foram
convincentes, embora a equipe só agora vá entrar na fase de otimização do
desempenho do motor e do desenvolvimento da tecnologia de fabricação em escala
industrial.
Faid acrescenta que os
primeiros contatos com a indústria automobilística já estão em curso:
"Ainda estamos avaliando e otimizando essa tecnologia. Despertamos o
interesse de vários clientes potenciais, então estamos discutindo possíveis
cenários para comercialização com eles." In
“Inovação Tecnológica” -
Brasil
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