Uma homenagem a Camilo
Pessanha, o “maior poeta simbolista português”, será prestada por Carlos
Marreiros no ano em que se assinala o 150º aniversário do nascimento do autor
de Clepsidra.
Enquanto artista plástico,
Carlos Marreiros está a criar uma instalação artística, na figura de um galo,
para “chamar a atenção do público em geral para o Camilo Pessanha”. “É uma peça
com mais de três metros de altura que sugestiona um galo, intitulada Camilo
Pessanha no Ano do Galo”, explicou. A esta coincidência acresce a forte relação
que existe entre o escritor e o território, lugar por ele escolhido para
“refugiar-se do seu amor sofrido, por causa da paixão pela Ana Osório de
Castro”.
“Foi aqui que foi professor,
juiz substituto, escritor, intelectual, interveniente e uma figura bastante
excêntrica”, recordou Carlos Marreiros.
A instalação, de traço
geométrico, sugestiona um galo mas de forma “bastante abstracta”. Sob o galo
estão desenhos de Carlos Marreiros e ainda textos originais de Carlos Morais
José e Yao Jingming. De certo modo, indicou, a peça divulga não só o poeta como
faz o “ponto de contacto” com o Ano Novo Lunar do Galo neste “labirinto que é a
vida do Camilo Pessanha”.
Associada à peça propriamente
dita, está também a ser pensada a introdução de dramatizações e récitas
simples, bem como a distribuição de Clepsidra em língua chinesa – uma forma de
falar de Camilo Pessanha também em chinês. O Yao Jingming traria autores para
dizer a poesia dele [Camilo] em língua chinesa, tanto Cantonense como Mandarim.
É com isso que se consegue uma interactividade com o público, e que o nome dele
chegue mais longe”, destacou.
Ainda que não haja um
calendário previsto, a peça irá ficar durante um período ainda por definir em
três locais do território, estrategicamente pensados: Largo do Senado, Praça
Triangular da Areia Preta terminando no Albergue SCM. Segundo Carlos Marreiros,
o objectivo de levar a obra até à Areia Preta deve-se ao facto de ser uma das
zonas mais populosas de Macau e com “camadas economicamente mais débeis”. “A
ideia é precisamente levar a cultura ao povo”, vincou.
“Tenho sempre a preocupação de
comunicar com os chineses e outras etnias que vivem em Macau porque há coisas
tão bonitas que são feitas pela comunidade portuguesa mas que ficam só entre
nós”, acrescentou o também arquitecto.
Além disso, enfatizou, “Camilo
Pessanha era bom demais para o seu tempo e era incompreendido pelo seu tempo”,
pelo que a população, incluindo a chinesa, “deve rever-se numa figura que,
aliás, é tão próxima”.
Segundo Carlos Marreiros,
ainda não há data prevista para a inauguração da instalação móvel. No entanto,
o arquitecto ressalvou que a sua obra não faz parte do programa de comemoração
dos 150 anos do nascimento do poeta português que decorre até quinta-feira no
Edifício do Antigo Tribunal, ainda assim não deixa de ser uma outra forma de
homenagem com a qual Carlos Morais José concordou. Catarina Almeida – Macau in
“Jornal Tribuna de Macau”
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