O
balanço feito desde 2011 é positivo, com o ensino da língua portuguesa a
crescer “ano após ano” e a “integrar-se muito bem” no sistema curricular,
garante a coordenadora do EPE em Espanha e Andorra, Filipa Soares
No ano letivo 2011-2012, a
Junta da Andaluzia passou a impulsionar o ensino do português como segunda
língua estrangeira através do Programa ‘José Saramago’ - que integra um projeto
alargado de incentivo ao ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na Andaluzia,
promovido pelo Governo autonómico.
Em Espanha, onde a educação
está na esfera de competências das comunidades autónomas, a Andaluzia é
atualmente a única região do país que assegura o ensino do português sem a
presença da rede EPE (Ensino Português no Estrangeiro), tutelada pelo Camões, I.P..
Mas tal não significa que os
dois países não trabalhem em conjunto naquela região de Espanha. Em setembro de
2014, o Estado Português, representado pelo Camões, IP, e a Junta de Governo da
Andaluzia, representada pela Consejería (ministério regional) da Educação,
assinaram um Memorando de Entendimento (MdE) que visava consolidar o ensino do
português como língua estrangeira curricular no ensino público na Andaluzia.
Na altura, Filipa Soares
sublinhava que para além do “objetivo primordial” de consolidar o português
naquela comunidade, a assinatura do memorando tinha outro importante
significado: o de “mediante uma ação política, enaltecer e reconhecer o o valor
da língua portuguesa” para a Andaluzia. Permitia ainda a realização de
atividades conjuntas entre o Camões, IP, e a Consejería da Educação, com um
“outro tipo de enquadramento”, acrescentava.
Se numa primeira fase do
Programa ‘José Saramago’ o ensino da língua portuguesa estava circunscrito à
região de Huelva, próximo à fronteira portuguesa (dista 59 quilómetros), a
partir do ano letivo de 2014-2015, começaram a ser ministrados cursos de
Português Língua Estrangeira (PLE) na região de Málaga, recorda agora Filipa
Soares. Atualmente, para além de ser ministrada em escolas do ensino oficial, a
língua portuguesa é ainda ensinada como opção curricular, a nível do ensino
básico e secundário, em algumas instituições privadas de ensino bilingue
(espanhol-inglês), designadamente em Sevilha.
O balanço feito desde 2011 é
positivo, com o ensino da língua portuguesa a crescer “ano após ano” e a
“integrar-se muito bem” no sistema curricular, garante a coordenadora do EPE em
Espanha e Andorra, que exemplifica essse incremento, com os números: em
2011-2012 o ensino do português era frequentado por 110 alunos e no ano letivo
transato matricularam-se na disciplina de português 732 alunos. Ou seja,
verificou-se um incremento de 565,45 em 2016-2017, en relação a 2011-2012.
Quanto ao ensino superior,
têm-se verificado uma maior projeção da lecionação do português, quer na
Universidade de Sevilha, quer na Universidade Pablo de Olavide.
Filipa Soares destaca ainda as
inúmeras atividades que, não estando diretamente relacionadas com o ensino, têm
contribuído para a melhoria da aprendizagem da língua portuguesa naquela comunidade
autónoma espanhola.
Entre estas, refere a aposta
em projetos de formação docente, orientados pela Coordenação de Ensino em
articulação com as autoridades e comunidade educativa andaluza, de que é
exemplo a ação realizada em novembro de 2016 no Consulado-Geral de Portugal em
Sevilha e subordinada ao tema ‘De Acordo com o Acordo Ortográfico’, que teve a
participação de todos os professores de português da região de Huelva.
Outro atividade são os clubes
de leitura integrados em projetos de cooperação transfronteiriça, “como podem
ser as ações conjuntas realizadas pela Biblioteca Provincial de Huelva e a
Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António, com o objetivo de fomentar
o conhecimento entre países através da literatura, cultura, tradições de ambos
países”, explica. In “Mundo Português” - Portugal
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