Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Moçambique – Lançamento do livro de contos “Os Funerais de Mubengane” de Aldino Muianga

Mais um livro de Aldino Muianga. “Os Funerais de Mubengane” é o 16º título do autor que se estreou em livro lá vão 32 anos. A cerimónia de lançamento da obra constituída por oito contos vai realizar-se às 18 horas da próxima sexta-feira, 22 de Novembro de 2019, no Auditório do BCI, na cidade de Maputo.

Os Funerais de Mubengane” é, de acordo com o autor, um volume singular, quer do ponto de vista criativo, quer pelos eventos que se registaram até à definição da data de lançamento. No primeiro caso, alguns contos que compõem o livro deveriam fazer parte de um outro já publicado, intitulado “A Metamorfose e outros contos”. A ideia de Muianga era reeditar aquela colectânea, refrescando-a com novas narrativas. “A razão de produzir uma reedição da Metamorfose foi que se tratava de um livro cuja tiragem não ultrapassou os 50-60 exemplares. Portanto, era um projecto que se ficou pelo meio, inacabado por assim dizer”, explicou Aldino Muianga. No entanto, o editor de “Os Funerais de Mubengane” entendeu que alguns contos do livro possuem um valor próprio, que se não enquadram na linha da Metamorfose. Daí, então, o escritor convenceu-se que seria boa ideia produzir um livro com contos todos inéditos.

Não obstante, depois de decidir publicar uma nova obra literária, Aldino Muianga revela que teve alguns enguiços: “Houve ocasiões em que ‘acreditei’ que este projecto fora vítima de algum esconjuro. Acho que o título do livro nos perseguia. Por razões diversas, aliás, bem justificadas, o lançamento foi adiado... três vezes! Não imagina o desalento e a frustração! Por fim, já ‘desconjurados’, levámos o processo avante e a obra cá está, disponível ao público leitor que, creio, nele achará novos e diferentes encantos”.

Como é habitual na escrita deste escritor, as histórias dos contos de “Os Funerais de Mubengane” passam-se em espaços rurais ou em suburbanos. O autor explica que esses micro-cosmos possuem a sua própria história, vivem o quotidiano a seu modo particular, têm os seus conflitos inter-individuais, familiares e sociais, que se representam de diferentes modos na sua interpretação e resolução. E sublinha: “É aí onde busco e encontro a inspiração para registar as histórias. Estas constituem o meu modo, muito pessoal, de compreender o universo onde o cidadão suburbano ou do meio rural gravita. O que me seduz ao escrever sobre a vida naqueles meios é porque também considero que o que faço é um registo da História dessas comunidades. Longe de mim a audácia de querer substituir os historiadores! Entre nós existem poucas obras que se debruçam sobre os temas desta natureza. Este é o meu modesto contributo para divulgar essa parte obscura e ignorada das dinâmicas da vida nos meios a que já me referi”.

Nos contos que compõem “Os Funerais de Mubengane”, Muianga procurou conferir um cunho moralizante e didáctico às mensagens, porque, actualmente, vive-se num universo com desnorteamentos, a braços com uma gritante desintegração de valores morais, com cidadãos sonâmbulos sem fé em si próprios, sem futuro por vislumbrar. Então as narrativas são um convite para uma reflexão sobre o estado presente da moralidade e também para um esforço colectivo de concertação das mentalidades.

Aldino Muianga considera-se um indivíduo alegre e extrovertido, o que se reflecte na sua escrita. Também por isso, as fases de criação e de “gestação” do autor são longas. Neste caso em particular, o escritor levou dois anos a trabalhar em “Os Funerais de Mubengane”.

A confiança na Cavalo do Mar

Os Funerais de Mubengane” é o segundo livro de Aldino Muianga publicado sob a chancela da Cavalo do Mar – nesta editora estrou-se com o romance “Asas quebradas”. Tal facto volta a ocorrer porque o escritor tem absoluta confiança na nova editora. “Admiro o entusiasmo dos jovens que estão à sua frente. São positivamente ambiciosos e têm uma visão moderna sobre as políticas editoriais. Outro factor que me encoraja a publicar com eles é a sua capacidade de comunicação. A relação autor-editor é decisiva neste tipo de actividade. Na Cavalo do Mar encontro esse acolhimento, existe espaço para uma interação, para intercâmbio de ideias e de sugestões, com vantagens mútuas e, obviamente, ganhos para o leitor em geral. Têm o futuro à sua frente”.

Já em relação ao que os seus leitores devem encontrar no livro, Muianga lembra que a interpretação de um texto literário é puramente subjectiva. “A leitura destes contos é um ponto de partida para uma digressão pelo imaginário de cada um que pode tomar vários sentidos. Deixo ao alto e informado critério do leitor fazer as suas apreciações que, desde já, acolho com gratidão e humildade. Que cada um encontre em “Os Funerais de Mubengane” outros deslumbramentos, diversos dos que colhi quando os escrevi”.

Na cerimónia de lançamento, o novo livro de Aldino Muianga será apresentado pelo professor universitário Almiro Lobo. José dos Remédios – Moçambique in “O País”

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