SÃO PAULO – Levantamento estatístico
da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) mostra que o porto de Santos,
apesar do abalo provocado pelos desdobramentos da operação da Polícia Federal
que apura suspeitas de fraude em licitação e corrupção em contratos da estatal
de R$ 37 milhões nas áreas de tecnologia da informação, dragagem e consultoria,
segue em ritmo célere de crescimento, tendo o complexo portuário ultrapassado,
pela primeira vez, a marca histórica de 100 milhões de toneladas de cargas
movimentadas entre janeiro e setembro de 2018. Foram 100,3 milhões de toneladas,
ou seja, 2,8% a mais, em comparação com os nove primeiros meses de 2017, quando
o porto movimentou 97,6 milhões.
Entre as cargas de maior destaque,
está a de soja, cuja movimentação atingiu 24,2 milhões de toneladas, quando
somadas as variedades em grãos e farelo do produto. O crescimento é de 19,8% em
relação à movimentação registrada entre janeiro e setembro do ano passado. Entre
as importações, o adubo foi a carga de maior destaque. Até setembro, 2,8
milhões de toneladas entraram pelo porto. Apesar de expressivo, o movimento foi
apenas 0,5% maior do que o registrado em 2017.
Só nos embarques de açúcar é que houve
um decréscimo (26%). Já a movimentação de contêineres atingiu a marca de 3
milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), com uma
evolução de 9,4% em relação a 2017. Nesse período, o fluxo de navios foi de
3.646, um aumento de 0,3% em relação aos três primeiros trimestres de 2017.
Tudo isso mostra que a diretoria que
substituiu aquela que foi afastada depois das investigações da Polícia Federal
terá muito trabalho pela frente para colocar o complexo portuário em condições
de atender a uma demanda que cresce a cada ano. Dentro desse contexto, são de
fundamental importância as obras da nova entrada da cidade de Santos, que neste
ano tiveram grandes avanços com o prosseguimento das intervenções de
responsabilidade da Prefeitura municipal e o início das que competem ao governo
do Estado. Agora, a expectativa é que o governo federal, que assume a partir do
dia 1º de janeiro de 2019, comprometa-se com o avanço da obra e também dê
início à parte de revitalização que é de responsabilidade da União.
De grande importância também seriam
as obras de dragagem, que tiveram início já ao final do atual governo e
abrangem os quatro trechos que compõem o canal de navegação, da Barra até a
Alemoa, numa extensão de 24 quilômetros, mais as bacias de evolução e os
trechos de acesso aos berços de atracação. A previsão era que um total de até
4,3 milhões de metros cúbicos de sedimentos seriam retirados do fundo do canal.
Com isso, esperava-se que os calados máximos de operação (13,2 metros) fossem restabelecidos,
o que permitiria que o porto voltasse a operar sem restrições, proporcionando
mais produtividade à principal zona portuária a serviço do comércio exterior e
da economia nacional. No entanto, agora, diante das irregularidades constatadas
pela Polícia Federal, já não se sabe se esse trabalho de dragagem terá
continuidade.
Aliás, como esse trabalho equivale mais
a encher um saco sem fundo, pois a sedimentação sempre volta em pouco tempo,
melhor seria se o novo governo federal estudasse a possibilidade da construção
de novas plataformas operacionais no porto de Santos, até mesmo offshore (longe da praia), que
permitissem a atracação de navios post panamax,
ainda que essa iniciativa tenha de ser entregue a uma empresa estrangeira com
tecnologia e suporte financeiro para suportar tamanho empreendimento. Com isso,
com certeza, em pouco tempo, seriam triplicados os atuais números da
movimentação de cargas no porto santista. Milton
Lourenço - Brasil
______________________________________________
Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e
diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário