A
Universidade Cidade de Macau e a Universidade de Évora estão a trabalhar no
desenvolvimento de um novo sistema de tradução chinês-português cujos primeiros
resultados devem surgir daqui a um ano. Paulo Quaresma, um dos investigadores
responsáveis pelo projecto, disse ao Ponto Final que a equipa está agora a
trabalhar nas candidaturas a programas de investimento em Macau e Portugal
A Universidade Cidade de Macau
e a Universidade de Évora estão a colaborar na criação de um laboratório de
tradução automática chinês-português. O projecto foi apresentado por Paulo
Quaresma, professor associado do Departamento de Informática da Universidade de
Évora, durante a primeira conferência sobre inovação de conhecimento entre a
China e os países de língua portuguesa e latino-americanos que ontem decorreu
na Universidade Cidade de Macau. Ao Ponto Final, o académico e um dos seis
coordenadores do laboratório disse esperar obter os primeiros resultados daqui
a um ano. Para breve estão as candidaturas a programas de financiamento, tanto
em Portugal como em Macau, com a equipa a esperar obter cerca de um milhão de
euros (cerca de nove milhões de patacas) para arrancar com o projecto.
O processo nasceu há um ano,
durante o qual a equipa de investigadores esteve a preparar as candidaturas que
serão brevemente apresentadas, em Macau, ao Fundo para o Desenvolvimento das
Ciências e da Tecnologia (FDCT), e em Évora, ao programa de fundos comunitários
Alentejo 2020. Com cada candidatura a equipa espera obter entre 400 mil a 500
mil euros (entre 3,6 milhões e 4,5 milhões de patacas), destinados a financiar
a infra-estrutura tecnológica de grande desempenho computacional, que ficará
localizada em Évora, e a equipa de investigadores a tempo inteiro durante dois
anos que será constituída por três doutorados e, pelo menos, cinco doutorandos.
Actualmente, a trabalhar no projecto estão quatro investigadores das áreas da
informática e da linguística da Universidade de Évora e outros dois docentes da
Universidade Cidade de Macau.
Segundo explicou Paulo
Quaresma, trabalhar com o par chinês-português constitui um desafio particular,
quando comparado, por exemplo, com português-inglês, e especialmente devido às
diferenças que separam as duas línguas e à falta de recursos de tradução.
“Temos este grande desafio de trabalhar especificamente para o par de língua
chinês-português. Temos que usar, por exemplo, as publicações oficiais do
Governo [de Macau] que estão nas duas línguas oficiais como ‘input’ destes
novos sistemas de aprendizagem automática que vão tentando criar um modelo mais
adequado para a tradução automática nos dois sentidos”, explicou o
investigador, doutorado em Informática.
Para Paulo Quaresma, o que vai
distinguir este novo sistema de tradução de outros já existentes como, por
exemplo, o Google Translate, é a introdução e utilização de informações
específicas do chinês e português aplicadas ao conhecimento do mundo. “Para se
conseguir dar um salto qualitativo grande nos sistemas actuais, nomeadamente
neste par de línguas é preciso algo que normalmente os sistemas actuais não
estão a incorporar, que é informação específica das línguas em casa. Os
sistemas de hoje em dia são um processo automatizado e, no fundo, recebem como
‘input’ grandes quantidade de documentos em português e em chinês e tentam
criar um modelo”, explicou o docente.
“Precisamos de ter informação
de facto linguística das duas línguas e conhecimento do mundo como ‘input’ para
melhorar os sistemas de tradução. O que nós defendemos é que não se pode
esquecer todo o trabalho de investigação que foi feito em dezenas de anos na
área da linguística de perceber como é que a língua portuguesa e a língua
chinesa funcionam, quais os seus modelos e os sistemas actuais esquecem um
pouco isso, é tudo automatizado”, defendeu. A comprovar-se esta abordagem, os
primeiros resultados deste novo sistema de tradução devem aparecer daqui a um
ano, disse Paulo Quaresma. Catarina Vila
Nova – Macau in “Ponto Final”
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