SÃO PAULO – O governo que assume a
partir de 1º de janeiro de 2019 ainda não anunciou as diretrizes que deverão
nortear a sua futura política de comércio exterior, mas as declarações que
escaparam de prováveis gestores de um futuro superministério da Economia até
agora não permitem esperar com otimismo a formulação dessa nova orientação para
o setor. O que se espera desses formuladores é que tenham bom senso para evitar
maiores problemas para o País no cenário internacional, o que significa manter
o Brasil neutro na guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Como exemplo da eficácia dessa
política de neutralidade, é de se lembrar que a Alemanha, país-membro na União
Europeia com papel de liderança no grupo, tem excelentes relações com
Washington, Pequim e Taiwan. Na verdade, a futura política de comércio
exterior, a exemplo daquela que é seguida pelo atual governo, deveria blindar a
questão comercial da influência político-partidária, pois isso só tem produzido
resultados frustrantes.
Como exemplo, basta recordar o que
ocorreu à época dos governos petistas (2003/2016) que privilegiaram as relações
comerciais com nações cujos governos eram alinhados a sua ideologia, com
enormes prejuízos para os cofres do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES).
Outra iniciativa do atual governo que
deve ser mantida é o bom relacionamento com o Chile que deve culminar com a
assinatura nos próximos dias de um acordo de livre-comércio, que inclui temas
de natureza não tarifária, como comércio de serviços, comércio eletrônico,
telecomunicações, medidas sanitárias e fitossanitárias, pequenas empresas, normas
técnicas de produtos e propriedade intelectual.
Esse acordo deverá favorecer uma
aproximação do Mercosul com a Aliança do Pacífico, formada por Chile, Peru,
Colômbia e México, e também com a Parceria Transpacífico (Trans-Pacific Partnership – TPP), que inclui Chile, Brunei, Nova
Zelândia, Cingapura, Austrália, Canadá, Japão, México, Peru e Vietnã, depois da
saída dos Estados Unidos em janeiro de 2017. Afinal, no âmbito do Mercosul, é preciso ainda
derrubar algumas barreiras tarifárias e não-tarifárias entre o Brasil e os
países sul-americanos banhados pelo Oceano Pacífico.
Para fortalecer essa futura política
de comércio exterior, também seria útil que os industriais brasileiros
deixassem de lado uma visão limitada a questões tarifárias, aderindo a atual
tendência que levou países desenvolvidos e emergentes a buscar acordos
bilaterais, regionais e inter-regionais, como provam os cerca de 400 tratados
assinados nos últimos doze anos, sem a participação do Brasil.
Só assim o País conseguirá sua
integração com o resto do planeta, especialmente com aquelas economias mais
dinâmicas que vão favorecer o acesso à inovação e à tecnologia a partir da
importação de equipamentos que estimularão a produção de manufaturados. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e
diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários
de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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