Foi lançado, na última
quinta-feira, 8 de Novembro, na cidade de Maputo, o livro “Mahanyela – A Vida
na Periferia da Grande Cidade”, que retrata a história inspiradora da sua
autora, Nely Nyaka, de 98 anos de idade, que ainda se destaca pelo seu activismo
social profundo, passando pelas experiências encorajadoras, vividas na família
e na comunidade que a influenciou.
Profunda conhecedora de
Lourenço Marques (hoje Maputo), e, mais particularmente, dos seus bairros
periféricos, onde nasceu, a autora fala-nos, nesta obra, dos marcos geográficos
e sociológicos da sua cidade, das famílias que nela habitavam, das práticas e
dos costumes da comunidade e dos artifícios a que se recorria para mitigar a
pobreza e vencer as enormes barreiras criadas pelo poder colonial a todos os
que não fossem brancos.
Na cerimónia de lançamento,
Nely Nyaka disse ter sido inspirada pelo seu marido, Raul Bernardo Honwana, já
falecido que, em 1984, lançou um livro de memórias, que tem sido usado como
referência em muitos trabalhos académicos.
“Na altura, prometi que também
ia escrever o meu livro”, lembrou a autora, que agradeceu a todos que tornaram
possível a edição e publicação de “Mahanyela – A Vida na Periferia da Grande
Cidade”.
Para o editor, Nelson Saúte,
“Mahanyela – A Vida na Periferia da Grande Cidade” afigura-se como uma notável
obra no domínio da memória. “A Vovó Nely fala da (sua) vida, das coisas
singelas da vida, da forma como se vivia, das pessoas, das suas casas, e do seu
quotidiano”.
“O olhar da Vovó Nely é
inédito e surpreendente. O olhar interior, o olhar de quem observa as pequenas
coisas, de quem lida com as pequenas coisas. É aqui onde reside a
extraordinária riqueza deste livro, nesse olhar e nessa voz singular”,
enfatizou Nelson Saúte.
A publicação desta obra contou
com o suporte da concessionária dos terminais de contentores e de carga geral
no Porto da Beira, Cornelder de Moçambique SA, que a considera um importante
contributo para a literatura moçambicana.
Para a Cornelder de Moçambique
SA, representada na cerimónia por Rui Massuanganhe, “esta obra valoriza e
enaltece o papel da mulher moçambicana para o desenvolvimento do País e
consideramos importante a sua disseminação para a sociedade, no geral, e para
os mais jovens, em particular”.
“Nely Nyaka desenha a sua
trajectória muito parecida a de outras mulheres moçambicanas que passaram por
diversificadas e complexas transformações sociais no início de dois séculos
distintos e, ainda assim, com todas as dificuldades, conseguiu manter o foco da
sua contribuição social”, acrescentou Rui Massuanganhe.
Nely Nyaka nasceu no dia 2 de
Novembro de 1920, na Katembe. O seu activismo social começou cedo, primeiro no
seio da Igreja Metodista Wesleyana e, mais tarde, no Instituto Negrófilo (que
depois assumiu a designação de Centro Associativo dos Negros da Colónia de
Moçambique), organização de que o seu pai foi sócio-fundador.
Recentemente, esteve na
criação e é uma das mais notáveis dinamizadoras da associação Pfuna, dedicada a
mitigar a pobreza e a miséria de crianças órfãs.
Em 1939, casou-se com
Raul Bernardo Honwana e foram viver para a Moamba, tiveram oito filhos. Raul,
que militou no Grémio Africano nos tempos de Karel Pott, publicou, em 1984, um
livro de memórias, que vem constituindo referência em muitos trabalhos
académicos. In “Olá Moçambique” -
Moçambique
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