"Como
o sol de Novembro brincando de artista", Viriato da Cruz recebe Prémio
Nacional de Cultura e Artes
Viriato
da Cruz recebeu esta semana o prémio Nacional de Cultura e Artes, a título
póstumo, numa cerimónia marcada pela reconciliação com a memória. O júri
justifica a decisão por considerar que o poeta, falecido em Pequim, a 13 de
Junho de 1973, é um "digno representante da cultura nacional, que exalta,
com profundidade, a identidade e os valores da angolanidade"
Viriato da Cruz teve
finalmente reconhecido o seu valor literário por um júri angolano, esta
quarta-feira, 31 de Outubro, na sala de reuniões do Ministério da Cultura, em
Talatona, durante o anúncio feito pelo presidente do júri, Vatomene Kukanda,
que declarou que os galardões deste ano, nas variadas modalidades artísticas,
foram atribuídos, "tendo em conta a reconciliação nacional, a inclusão
social, a unidade nacional, a representatividade de várias regiões e
sensibilidades políticas".
O poeta de "Namoro",
musicado e cantado por Fausto Bordalo Dias, e, posteriormente, por Rui Mingas e
outros intérpretes e compositores, é também autor de "Sô Santo" e
"Makézu", "Mamã Negra", entre outros poemas.
Jaka
Jamba está entre os distinguidos
O júri do prémio decidiu
atribuir este ano, pela primeira vez na história do concurso, uma Menção
Honrosa, também a título póstumo, ao professor e historiador Almerindo Jaka
Jamba, deputado e dirigente histórico da UNITA, falecido em Abril deste ano,
distinguindo-o pelos "feitos a nível da formação do novo cidadão angolano,
agregando ao conhecimento o sentido de alteridade, o respeito e a valorização
dos angolanos e angolanas, enquanto base do desenvolvimento humano e
sustentável."
Na categoria de Música, o
prémio foi atribuído a Waldemar Bastos, "cujo nome e obras individuais e
colectivas diversificadas editadas têm vindo a destacar-se no país e na
diáspora".
Na categoria de Cinema e
Audiovisuais, o júri decidiu atribuir, também a título póstumo, o prémio ao
antigo realizador da TPA, Misael Filipe de Almeida, por ser "um
profissional que se destacou no género documentário pelo conjunto da sua
obra".
Na disciplina de Artes Visuais
e Plásticas foi distinguido o gravador António Feliciano Dias dos Santos
"Kidá", mentor e mestre do grande movimento da classe dos
gravuristas, técnica de gravar sobre um suporte, desde a década de 1970.
O coreógrafo Sakaneno João de
Deus é o vencedor na categoria de Dança, "pela sua trajectória, levada com
alma, dedicação, humildade, sacrifício e competência, no processo da
profissionalização da arte da dança angolana". É membro efectivo do
Conselho Internacional de Dança da Unesco.
No Teatro, o prémio foi
atribuído ao grupo teatral Ngwizane Tuxikane, "pela qualidade técnica,
artística e a reflexão" apresentada na obra "Cassinda não volta
atrás".
Na Investigação em Ciências
Humanas e Sociais foi distinguido o historiador Fidel Raul Carmo Reis,
"pela sua obra intitulada "Era uma vez... O campo político Angolano
(1950-1965)", que, segundo o júri, "se contextualiza a nível regional
e internacional".
No Jornalismo Cultural, o
prémio foi atribuído ao magazine cultural da TPA "Tudo e Mais", ao
passo que em relação aos Festivais Culturais Populares foram distinguidos Os
Bakama, pela secularidade e por se tratar de um baluarte da defesa e
preservação da afrocracia e angolanidade do povo de Cabinda.
O Prémio Nacional de Cultura e
Artes é a mais importante distinção do Estado angolano neste sector, tendo como
principal objectivo incentivar a criação artística e cultural, bem como a
investigação científica no domínio das ciências humanas e sociais.
"O prémio constitui uma
homenagem e incentivo ao génio criador dos angolanos, de modo a perpetuar entre
os cidadãos ideias tendentes à compreensão das múltiplas formas da criação
artística e diversidade das manifestações linguísticas e culturais do povo e da
nação". In “Novo Jornal” – Angola
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