A
revista Capital foi tentar saber junto de Salimo Abdula, presidente da
Confederação Empresarial da CPLP (CE-CPLP), qual é o maior desafio da
organização que representa face ao objectivo de atingir um bom ambiente de
negócios na CPLP, e aquele dirigente referiu que a maior luta, até ao momento,
tem sido criar condições de livre circulação de pessoas, bens e mercadorias na
CPLP e a redução da corrupção, da burocracia e das barreiras administrativas e
legais que têm atrasado o desenvolvimento
A
mobilidade e a circulação de pessoas e bens é um dos pontos focais para a recém
presidência da CPLP. No seu entender, em que medida essa nova forma de
administração da CPLP poderá melhorar o actual panorama económico entre os
estados-membros em particular e a da comunidade no geral?
Para a CE-CPLP, o caminho do
desenvolvimento económico da CPLP para além da superação das barreiras legais e
administrativas, são sinergias. Os PALOP, por exemplo, têm recursos (água, e
terra, minérios, etc.), têm mão de obra abundante e países como o Brasil e
Portugal têm ‘know how’ e maior
capacidade para investir. Então, há que unir o útil ao agradável. E para que
seja possível aprimorar as sinergias, precisamos de rapidez, flexibilidade e
dinamismo e isso será possível através da mobilidade de pessoas e bens.
Acha
que a mobilidade de pessoas e bens irá dinamizar as relações entre as
associações económicas e empresariais da CPLP bem como entre as empresas?
Sem dúvida. A mobilidade
permite acelerar a integração de processos, maior rapidez e dinamismo nas
transacções entre os estados membros, bem como incrementar o ‘know-how’ e aproveitamento de recursos
humanos. Com a mobilidade será mais fácil fazer negócio entre os países
membros.
A
nova presidência da CPLP dará ênfase à economia azul, a resolução da problemática
dos oceanos, ou seja, as políticas de desenvolvimento sustentável estarão em
alta. Que ganhos poderão advir destas políticas?
O desenvolvimento sustentável
é condição basilar para o crescimento e a sustentabilidade de qualquer recurso,
seja do mar, da terra, ou outro. Desenvolvimento sustentável é garantir o
futuro, na medida em que permite que as gerações vindouras usufruam dos
recursos hoje existentes. Portanto, esta postura de ênfase na economia azul e
desenvolvimento sustentável trará benefícios a nível económico e social. O
papel dos Estados será garantir as infraestruturas e a fiscalização adequada,
os empresários deverão investir, e naturalmente, daqui teremos mais ganhos a
nível da renda, emprego e qualidade de vida das pessoas.
Qual
é a avaliação que faz do ambiente de negócios que poderá surgir com a
presidência cabo-verdiana?
Avaliação Positiva. Contudo,
penso que não é uma questão de uma ou outra presidência, mas sim de um trabalho
continuado e integrado das várias presidências da CPLP. Estou seguro que assim
como Timor-Leste, e recentemente o Brasil o fez, Cabo-Verde vai dar excelente
continuidade à ideia que os estados têm de tornar a CPLP cada vez mais
económica. Ao pretender se focar na mobilidade e no desenvolvimento sustentável,
esta presidência vai naturalmente assumir particular protagonismo se os
resultados forem os que esperamos. Mas, repito, este trabalho não poderá parar
por aqui, será necessário a continuidade nas próximas presidências. Só assim
teremos um ambiente de negócios saudável.
O
sector privado da CPLP desempenha um papel inestimável no crescimento económico
e empresarial do espaço lusófono. Actualmente, quais são os maiores desafios
deste sector?
O nosso maior desafio, e que
tem sido a nossa luta até aqui, é criar condições de livre circulação de
pessoas, bens e mercadorias na CPLP, a redução da corrupção, da burocracia e
das barreiras administrativas e legais que têm atrasado o nosso
desenvolvimento. Um bom ambiente de negócios na CPLP só poderá ser criado e fortalecido
desta forma, uma vez que nos permitirá fazer o casamento entre oportunidades,
‘know-how’, e demais capacidades que cada um dos nossos países possui,
promovendo gradualmente a integração económica da comunidade.
O Direito Fiscal é uma das
questões mais importantes na economia dos estados-membros da CPLP. A dupla
tributação em matéria de Impostos Sobre o Rendimento é um ponto muito delicado.
A Convenção Multilateral entre os estados-membros veio para resolvê-lo. Quais
são as vantagens deste Acordo?
Este acordo permitirá evitar a
dupla tributação em matéria de Impostos sobre o Rendimento e, ao mesmo tempo,
atenuar as oportunidades para a criação de fenómenos de dupla não-tributação e
evasão fiscal.
Na
última conferência das Confederações Económicas da CPLP, que se realizou em
Maputo, foi abordada a pertinência de se criar um Banco da CPLP. De que modo
tal será possível e em que estágio se encontra esse projecto? Quais serão as
vantagens associadas a uma instituição financeira dessa natureza?
Este projecto só será possível
reunindo o consenso dos países membros e quando todos assumirem a necessidade
da sua existência. Um banco desta natureza deverá ter um modelo de gestão de
participativo por parte dos países membros com igual proporção de votos na assembleia
geral e um conselho de administração e direção executiva que paute pela
equidade. Neste momento, o projecto precisa de ser consolidado junto dos
estados, para poder avançar. Há muitas vantagens associadas, entre as quais
podemos destacar o contributo para o estabelecimento de parcerias de negócio,
investimento e financiamento numa lógica inclusiva, de equidade e
reciprocidade, envolvendo agentes económicos de cada um dos Estados. Podemos
ainda referir enquanto vantagens:favorecer a dinâmica de investimento em áreas
críticas de desenvolvimento;conferir escala e melhor percepção de risco no
acesso aos mercados financeiros; reforçar o escrutínio, independência e
credibilização das propostas de financiamentoe promover a valorização e
intercâmbio entre instituições dos diferentes Estados. Helga Nunes e Mateus Fotine – Moçambique in
“Revista Capital” com “Olá Moçambique”
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