SÃO PAULO –Não será por falta de
projetos ou planos que o Brasil deixará de ser uma das economias mais
importantes do mundo neste século XXI ou de aumentar a sua participação no
comércio mundial, hoje limitada a 1,1% de tudo o que se compra ou vende no
planeta. Desta vez, foi a Confederação Nacional de Transportes (CNT) que
encomendou um estudo que prevê a construção de infraestrutura capaz de acabar
com os atuais gargalos logísticos e dotar o País de um modelo de transporte
moderno.
Esse estudo, que estima um
investimento mínimo de R$ 1,7 trilhão, compreende 2.663 projetos essenciais
para o desenvolvimento dessa infraestrutura em todos os modais, considerando
particulares físicas, econômicas e sociais de cada região, além de levar em consideração
as atuais e futuras necessidades do mercado nacional. Os principais investimentos são para as áreas ferroviária,
rodoviária, hidroviária e portuária, com gastos estimados, respectivamente, em
R$ 744 bilhões, R$ 568 bilhões, R$ 147,6 bilhões e R$ 133 bilhões.
Como já se sabe
que os cofres públicos estão vazios, depois das administrações perdulárias que
têm infelicitado o País, o plano da CNT leva em conta que o setor público não
tem condições de arcar com todo o investimento previsto, o que significa que a
iniciativa privada precisa ser engajada nesse amplo projeto. Para tanto, porém,
é preciso que o governo ofereça segurança jurídica para o investimento, além de
retorno atraente, já que ninguém está disposto a fazer benemerência.
Dividido em
projetos de integração nacional, o plano prevê investimentos em grandes rotas
de escoamento e captação de produtos e de movimentação de pessoas que
interligam as cinco regiões do Brasil e os países vizinhos, além de projetos
com relevância nos contextos urbanos ou metropolitanos que incluam propostas
para o transporte de passageiros. Sem contar os investimentos em infraestrutura
portuária, que, nos últimos tempos, foram praticamente deixados de lado, embora
o governo brasileiro, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
(BNDES), tenha disponibilizado recursos para investir em portos de Cuba e do
Uruguai, além de projetos no continente africano, que não deram nenhum retorno
para o País.
Por falar em
BNDES, parece que a diretriz da instituição voltou a priorizar investimentos no
País, já que acaba de prever um investimento de R$ 19 bilhões na ampliação do
setor ferroviário, segmento que atualmente está voltado apenas para o
escoamento de commodities agrícolas e
minerais. Obviamente, é preciso que o modelo atenda também aos demais tipos de
cargas, reduzindo os custos de transporte, além de abrir espaço para o
atendimento à população em geral.
Para tanto, porém,
é preciso criar condições que atraiam o investimento privado, pois o que se vê
atualmente são concessionárias dispostas a devolver trechos de ferrovias que
são subutilizados. Milton Lourenço -
Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e
diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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