O
aeroporto de Beja pode ser complementar aos de Lisboa e Faro e servir a
capital, Setúbal, o Algarve e a Extremadura espanhola, desde que complementado
com o transporte ferroviário, defende Manuel Tão
O aeroporto de Lisboa, sublinhou
o investigador da Universidade do Algarve, está “esgotado” e o de Beja tem “uma
vantagem muito grande: está pronto a usar” em relação a outras soluções
apontadas, como Montijo, que “não se sabe se têm viabilidade técnica,
longevidade e retorno socioeconómico aceitável”.
Por seu turno, segundo Manuel
Tão, o aeroporto de Faro vai “esgotar rapidamente e não pode ser expandido e o
Algarve precisará de um novo aeroporto até 2030”.
“Há sempre a possibilidade de
construir um segundo aeroporto no Algarve, desde que haja 2 500/3 000 milhões
de euros, o que não é muito exequível numa região que já não tem direito à
maior parte dos fundos comunitários”, disse.
De acordo com o mesmo
especialista em planeamento de transportes, a área de influência do aeroporto
de Beja “pode estender-se” à Grande Lisboa, à Península de Setúbal e ao Algarve
desde que seja servido por um “transporte terrestre rápido, capaz de colocar os
clientes em 90 minutos ou menos” naquelas zonas.
Segundo o investigador, “tal
só é alcançável” com a modernização dos troços ferroviários da Linha do
Alentejo Casa Branca/Beja, que liga Beja e Lisboa, e Beja/Funcheira, que ligava
Beja e Algarve, mas está desactivado.
No caso do aeroporto de Beja,
que tem linha ferroviária “bastante próxima”, “há condições para projectar o
potencial” enquanto aerogare e a área de influência para regiões que “ficam até
150 quilómetros de distância”.
A Extremadura espanhola, que
“carece de acessibilidade aérea”, é “um bónus” para a área de influência do
aeroporto de Beja e como “consequência” da ligação ferroviária Évora/Elvas.
Beja-Entrecampos
em 85 minutos
A modernização dos troços
permitirá a circulação de comboios entre 200 e 220 quilómetros/hora e, assim,
será possível viajar de comboio entre Beja e as estações de Entrecampos, em
Lisboa, em 85 minutos, de Albufeira, no Algarve, em 80 minutos, de Évora, em 35
minutos, e de Badajoz, na Extremadura espanhola, em 70 minutos.
“Não é possível viabilizar o
aeroporto de Beja sem recurso ao transporte ferroviário”, porque, pelas
distâncias-tempo que oferece, “é o único susceptível de lhe conferir maior área
de influência”, disse.
Em termos de comparação,
Manuel Tão apontou durações de viagens entre vários aeroportos “low-cost” e
grandes cidades na Europa.
De comboio, o aeroporto de
Londres-Stansted fica a 47 minutos do centro de Londres e, de autocarro, os
aeroportos de Paris Beauvais Tillé e de Girona ficam a 90 minutos dos centros
de Paris e Barcelona, respetivamente, e o aeroporto de Frankfurt-Hahn fica a
duas horas de Frankfurt.
Manuel Tão falava à “Lusa” `à
margem de uma sessão sobre acessibilidades e transportes promovida em Beja pela
Plataforma Alentejo Estratégia Integrada de Acessibilidade Sustentável do
Alentejo nas ligações Nacional e Internacional. Manuel Tão – Portugal in “Transportes & Negócios”
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