Foi na internet que António
Conceição Júnior descobriu a melhor maneira de vender os seus livros. “A Minha
Pequena Livraria” é a tentativa de o escritor e artista plástico se libertar
das livrarias convencionais, e deixar a sua obra disponível para quem a quiser
comprar em Macau. Livraria esta que pode ainda evoluir para uma galeria,
confessa.
“Nunca tive muito jeito para
ser livreiro, nem serei”, começa por explicar António Conceição Júnior na
página de Facebook aberta há cerca de
uma semana e que é utilizada para vender as suas obras. “Mas Macau não tem,
para quem publica, uma livraria cuja contabilidade e percentagem de lucro
satisfaça o autor, nem nenhum sistema de distribuição. Simplesmente não
existe”, explica. Ao Ponto Final, António Conceição Júnior completa: “Dei-me
conta de que, ao fim de 42 anos de actividade em Macau, e alguma obra publicada
em forma de livro, tinha ainda no meu atelier algumas caixas e prateleiras com
livros que tinham ficado a secar por ausência de uma boa livraria que me satisfizesse
enquanto autor. Os autores em Macau são poucos e as livrarias ainda menos, e as
condições que oferecem não são aceitáveis para mim”. “Agora cobram uma
percentagem muito elevada e fazem contas anualmente. Eu resolvi não aceitar.
São condições para mim inaceitáveis. Então, como já aconteceu com outros
assuntos na minha vida, resolvi criar ‘a minha pequena livraria’ numa rede
social”, completa.
Em “A Minha Pequena Livraria”,
o autor coloca à venda os livros que dispõe e enumera: “Até agora publiquei
oito livros de fotografia, um álbum de Banda Desenhada em português, a sua
versão em chinês, e três livros de crónicas”. E já há raridades: “Só estão
disponíveis livros meus. Portanto não há muita diversidade. Mas neste momento
direi que há dois livros que já se tornaram muito raros: ‘Conversas do Chá e do
Café´, que foi o meu primeiro livro de escrita, e o meu Álbum de fotografias
‘Trânsitos´”. Até agora, a iniciativa “tem corrido muito bem”, diz o artista:
“As pessoas têm aderido muito bem, sobretudo alguns livros. Num único dia, um
álbum de fotografias meu, chamado Primum Lumen”, esgotou. Há pessoas que
compraram exemplares de quase tudo que eu tenho à venda…”.
O funcionamento é simples.
Basta contactar a livraria através do Facebook e dar o número de contacto pelo Whatsapp, ao que António Conceição
Júnior responderá com as instruções de pagamento e com um mapa do sítio onde
pode ir buscar o livro. A venda é só feita para pessoas residentes em Macau e
esta livraria não faz envios por correio, ressalva António. Os preços de cada
livro variam entre as 120 e as 200 patacas.
Questionado sobre se,
eventualmente, quereria avançar com a sua livraria para um espaço físico, o
escritor é peremptório: “Não, de modo nenhum”. E justifica: “Não tenho produção
para isso e tenho outras coisas a fazer. Não sou livreiro. Tinha sim muita
coisa imobilizada. Porém ficou provado que, quando respondemos prontamente,
quando as pessoas nos conhecem e confiam em nós, quando dizemos claramente que
esta ‘minha pequena livraria’ é como uma livraria normal e que não asseguro
entregas, as pessoas ficam a saber exactamente com o que contam”.
Ainda assim, revela que este
projecto pode evoluir para uma galeria online para os seus trabalhos
fotográficos, e explica que as pessoas poderão depois “comprar online e levar
as minhas fotografias ou pinturas (eventualmente) desde que em Macau”.
“Recordo-me de que há cerca de
20 anos escrevi artigos sobre o futuro, e esse futuro estava ligado à Aldeia
Global de McLuhan. Hoje sinto-me gratificado por ver que finalmente se trabalha
sistematicamente pela internet para todo o mundo”, conclui o artista. In “Ponto
Final” – Macau
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