“Néu-Néu” morreu no passado
mês de Janeiro, mas nem por isso deixa de influenciar a comunidade macaense. Os
textos que ficaram na memória dos macaenses foram recolhidos pelo Instituto
Internacional de Macau e vão ser publicados para que o patuá não morra. O
lançamento do livro “Úi di Galánti” acontece a 12 de Setembro, dia em que o
actor faria 65 anos.
Foi no passado dia 19 de
Janeiro que o professor e actor macaense Carlos Coelho morreu. O patuá ficou
sem o seu “Néu-Néu”, um dos que mais preservaram este crioulo de base
portuguesa. Para a posteridade ficaram os textos publicados pelo actor no
Facebook e também os artigos publicados no portal do Partido Comes e Bebes, um
grupo dedicado a manter a comunicação entre os portugueses de Macau. Para que
não se percam na volatilidade da internet, o Instituto Internacional de Macau
(IIM) recolheu os melhores escritos de Carlos Coelho e vai agora publicá-los
num livro intitulado “Úi di Galánti”, que em português significa “muito
extraordinário”. Esta compilação de textos de Carlos Coelho é lançada no Jardim
de infância D. José da Costa Nunes, pelas 18 horas do dia 12 de Setembro,
aproveitando o dia em que o homenageado faria 65 anos. Além do lançamento do
livro, haverá ainda tempo para a visualização de um vídeo onde foram seleccionados
alguns dos melhores momentos teatrais de “Néu-Néu”, recolhidos durante a sua
participação em espectáculos da companhia Dóci Papiaçám di Macau.
“Carlos Coelho publicou vários
textos em patuá durante a vida e, quando faleceu, o instituto achou por bem
publicar um livro com os escritos que ficaram na memória da comunidade
macaense”, justifica António Monteiro, do gabinete de comunicação do IIM,
acrescentando que, “com a autorização da sua família, conseguimos recuperar os
textos do Carlos Coelho”. “Quisemos aproveitar o dia 12 de Setembro, que é o
aniversário do actor, para fazer a cerimónia de lançamento do livro e também
para fazer uma homenagem ao autor dos textos com a divulgação de um vídeo com
algumas das memórias de quando actuava com o grupo Dóci Papiaçám di Macau”,
refere.
No livro agora editado com o
apoio da Fundação Macau vão constar textos, todos eles em patuá, com algumas
das tiradas mais memoráveis de Carlos Coelho, contando com o jargão menos
próprio utilizado muitas vezes em ambiente descontraído entre a comunidade
macaense, explica o responsável do IIM. “Será um reflexo do patuá entre os
macaenses”, sublinha. Aqui, é também o crioulo macaense de base portuguesa que
está em causa: “Este livro é também uma maneira de manter o patuá vivo. O
público-alvo são as pessoas que ainda dominam o patuá, mas também queremos dar
a conhecer o seu ‘doce linguajar’ a quem não o conhece. Queremos manter viva
essa identidade”.
Nascido em Macau em 1953,
Carlos Coelho, que era conhecido por ser um dos poucos falantes fluentes do
patuá em Macau, fazia questão de o utilizar no dia-a-dia. Notabilizou-se também
como professor do ensino básico e como membro de várias organizações macaenses,
promovendo, ao longo da vida, encontros entre a comunidade macaense. Como
actor, Carlos Coelho trabalhou no grupo “Dóci Papiaçam di Macau” durante a
década de 1990. Mesmo depois da sua morte, “Carlos Coelho continua a
influenciar a vida de Macau”, diz António Monteiro. “Ele tinha uma
personalidade única, estava muito à vontade no teatro. Quando o víamos aparecer
já sabíamos que íamos soltar uma gargalhada”, recorda o responsável do IIM. In “Ponto
Final” – Macau
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