Pela primeira vez, um projeto
coordenado pela Universidade de Coimbra (UC) foi aprovado para receber
financiamento europeu no âmbito do programa Erasmus+ Capacity Building in
Higher Education. O projeto SUGERE (Sustainable Sustainability and Wise Use of Geological
Resources, ‘Sustentabilidade e Utilização Racional de Recursos Geológicos’, na
versão portuguesa), coordenado por Nelson Rodrigues, docente do Departamento de
Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra (FCTUC), vai receber cerca de um milhão de euros para desenvolver as
geociências em três Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)
Em causa está a implementação
de cinco cursos (três licenciaturas, um mestrado e um doutoramento) em Ciências
da Terra em universidades parceiras de Angola, Cabo Verde e Moçambique.
“Pretende-se que os cursos a implementar assentem em três grandes pilares: o
conhecimento em ciências da terra (geologia, engenharia geológica e engenharia
de minas), as competências em ambiente e desenvolvimento sustentado, bem como a
ética e formas de desenvolvimento da economia social. Pretendemos formar tanto
alunos como professores, motivando-os para o desenvolvimento dos seus países”,
aponta Nelson Rodrigues, professor associado do Departamento de Ciências da
Terra da FCTUC.
Criado em 2014, o programa
Erasmus+ Capacity Building tem como foco estimular as universidades europeias a
partilhar conhecimento com instituições de ensino superior de outros
continentes. E na edição deste ano aprovou, pela primeira vez, um projeto
coordenado pela UC – que já fora parceira de iniciativas Capacity Building com
outras universidades por nove ocasiões. “Este é nosso o primeiro grande projeto
que utiliza as oportunidades criadas pelo programa Erasmus para a construção de
parcerias para a capacitação e desenvolvimento de parceiros fora da Europa. A
Universidade de Coimbra organizou-se de modo a conseguir dar apoio técnico e
formação aos investigadores e professores que estejam interessados em usufruir
destas oportunidades (num processo que já tem dois anos de investimento
estratégico) e este é o primeiro resultado significativo”, sublinha o
vice-reitor Joaquim Ramos de Carvalho.
Para o Departamento de
Ciências da Terra da FCTUC, esta aprovação mostra o reconhecimento
internacional das suas competências e o valor dos seus docentes e
investigadores, sendo o corolário da “estratégia de há vários anos” de
cooperação com instituições universitárias de outros países lusófonos – tendo
como base o Grupo de Escolas de Geociências José Bonifácio d’Andrada e Silva.
“Interessa-nos criar grandes redes de investigação e de formação entre
universidades europeias e de outros contextos geográficos, numa lógica de
afirmação das geociências e das competências dos seus profissionais, focadas na
criação de conhecimento científico, na gestão sustentável dos recursos, no
desenvolvimento económico e na capacitação institucional”, nota o diretor do
Departamento, Alexandre Tavares.
O espírito do projeto –
aprovado no nível mais elevado de classificação, com nota de Excelente – está
bem resumido no acrónimo que lhe dá nome: SUGERE (Sustainable Sustainability
and Wise Use of Geological Resources). “Não queremos impor modelos a outros,
mas criar formas integradas de conhecimento e de partilha de modelos de
formação. O acrónimo a que recorremos sugere isso mesmo. Queremos também que
este projeto nos traga ensinamentos”, descreve Nelson Rodrigues. Por isso –
numa abordagem “inovadora” neste género de iniciativas – a avaliação do projeto
será feita por um dos parceiros de fora do continente europeu, a Universidade
de Santiago (Cabo Verde).
A Universidade de Cabo Verde,
a Universidade Agostinho Neto, o Instituto Superior Politécnico Tundavala
(ambas de Angola), o Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique
e a Universidade Eduardo Mondlane (também moçambicana) são as outras parceiras africanas.
E entre os pares europeus do projeto coordenado pelo Departamento de Ciências
da Terra estão o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e as
Universidades de Salamanca (Espanha) e de Turim (Itália), que vão colaborar no
processo de desenvolvimento e implementação dos cursos – de Geologia,
Engenharia Geológica e Engenharia de Minas –, bem como na capacitação das
instituições africanas. Marques
Simões – Portugal in “Universidade de Coimbra
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