Tarrafal – O ministro da Cultura,
Abraão Vicente estimou apresentar até ao final do mandato a candidatura do
antigo Campo de Concentração do Tarrafal (na ilha de Santiago) a Património
Mundial da Humanidade.
Abraão Vicente falava à
imprensa após realizar uma visita ao ex-Campo de Concentração do Tarrafal de
Santiago, no âmbito da implementação da primeira fase do projecto Museus de
Cabo Verde, fazendo-se acompanhar do edil José Soares e do presidente do
Instituto do Património Cultural (IPC), Jair Fernandes.
Conforme explicou, esta visita
é apenas parte de um processo de preparação da reabilitação da memória do
também Museu da Resistência, que passa pelo processo de reabilitação do espaço
físico, da memória e da criação de referências para quem o visita.
Segundo o ministro, do mesmo
processo consta ainda um “projecto maior” que tem como meta perceber e
compreender o papel do ex-Campo de Concentração na formação daquilo que é a
idiossincrasia do povo de Santiago e de Cabo Verde, especificamente do seu
papel no município do Tarrafal.
“Um processo que poderá nos
levar a apresentar até o final do mandato uma candidatura ao Património da
Humanidade. Uma candidatura que tem obrigatoriamente que passar por um processo
também de socialização e partilha de evidências, de provas e de memória com os
outros povos que têm a sua história ligada ao Campo de Concentração do
Tarrafal”, disse Abraão Vicente.
Por outro lado, o governante
admitiu que este processo é o “mais delicado” que tem em mãos, não só pelo
investimento na recuperação e reabilitação do edifício físico, mas na
construção do plano conceptual daquilo que poderá representar o ex-Campo de
Concentração para o futuro, o seu papel para o desenvolvimento turístico do
município de Tarrafal.
“É preciso conceptualizar bem,
para não sermos superficiais no momento de apresentarmos uma candidatura a
Património da Humanidade. Eu acredito que tem todas as condições, mas é preciso
colocar em cima da mesa todas as evidências, tirar as conotações políticas que
podem haver, mas sermos rigorosos no momento de contar a história”, defendeu,
acrescentando que este projecto a longo e médio prazo não deve fazer parte
apenas da agenda deste Governo, mas do Estado de Cabo Verde.
“O que tem que ser feito
imediatamente é um plano de gestão do edifício, a sua reabilitação, mais a sua
preservação para o futuro. Um plano museológico e museográfico que possa
traduzir essa preocupação de Estado para com esse edifício e integrar o campo
de concentração no roteiro daquilo que são as celebrações para os próximos
anos”, enfatizou.
Na ocasião, o ministro da
Cultura assegurou que os trabalhos que estão sendo feitos não vão prejudicar a
futura candidatura, sustentando que qualquer desvio daquilo que é padrão, que o
próprio Ministério e o IPC têm os instrumentos para ver a devida
responsabilização e a correcção dos factos.
Por sua vez, o presidente do
IPC, Jair Fernandes, informou que à margem do processo museológico e
museográfico que estão a reintroduzir no ex-Campo de Concentração desde
quiosque digital que já estão ali, passando pelo aplicativo para móvel para
quem visita e quer visitar de forma autonomizado e ainda áudio guia, que
“brevemente” estará ali na mesma lógica de autonomizar quem visita aquele
espaço.
Conforme explicou estão a
fazer um projecto de reabilitação de todo o espaço, ou seja, que o mesmo não
contempla apenas o monumento campo de concentração, mas também todo o exterior
onde tem as casas onde as pessoas residem ao seu redor.
Lembrou ainda, que este
processo já tem o financiamento no quadro do Programa de Reabilitação,
Requalificação e Acessibilidades (PRRA) estimado em 53 mil contos, informando
também que no final deste mês vão apresentar ao Governo o projecto da
reabilitação que, segundo ele, tem que respeitar a estratégia tripartida.
Ou seja, primeiro é criar a
nível museológico e museográfico melhores condições e dar melhor interpretação
do espaço, e depois a reabilitação que considerou também “necessário”, tendo em
conta que notaram que há muito trabalho de restauro que tem que ser feito.
E por fim, numa perspectiva de
curto prazo que é a apresentação do projecto da candidatura do ex-Campo de
Concentração a Património Mundial.
Em relação às pessoas que vivem
ao redor do espaço, segundo as autoridades vai-se trabalhar num plano de
realojamento e de integração. In “Inforpress” – Cabo Verde
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