Dezoito
anos depois da primeira conferência, o Fórum de Cooperação China-África procura
um novo impulso sob o signo da Iniciativa Faixa e Rota. Países africanos
lusófonos levam planos ambiciosos para Pequim
As ruas de Pequim estão
vestidas a rigor, com cartazes e banners alusivos à Cimeira China-África que
tem lugar no início da próxima semana, nos dias 3 e 4 de Setembro. Sob o lema
“China e África: rumo a uma comunidade ainda mais forte e com um futuro
partilhado através da cooperação geradora de benefícios mútuos”, a cimeira
deverá centra-se no desenvolvimento de infraestruturas, processo de
industrialização e modernização agrícola no continente africano, tendo como
pano de fundo a Iniciativa Faixa e Rota. Além do discurso do presidente Xi
Jinping, os olhos do mundo estarão também centrados nas palavras do
Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres. Pequim tem promovido o
papel da Iniciativa Faixa e Rota na implementação dos objectivos da União
Africana de transformação socioecónomica do continente (Agenda 2063) e na
Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.
A Pequim começaram a chegar os
chefes de estado e de governo dos 53 países africanos que fazem parte do Fórum
de Cooperação China-África (FOCAC), criado em 2000. Na fotografia de família
faltará apenas a Swazilândia, o único estado africano que mantém relações
diplomáticas com Taiwan. Para alguns estados – os que abandonaram os laços com
Taipé nos últimos três anos – esta vai ser a primeira vez que se sentam à mesa
de uma cimeira do FOCAC. É o caso de São Tomé e Príncipe. O primeiro-ministro
santomense Patrice Trovoada afirmou aos jornalistas esta semana que, à margem
da cimeira, irão ser assinados acordos com a China, sendo que o país lusófono insular
procura mobilização para apoios financeiros a projetos.
A
agenda dos PALOP em Pequim
A Guiné-Bissau também olha com
otimismo para o encontro de Pequim. O presidente guineense José Mário Vaz
afirmou que iria apresentar planos para projetos relacionados com agricultura,
turismo, pescas, infraestruturas e setor mineiro, manifestando convicção que
serão “motores para o crescimento económico da Guiné-Bissau”, e que por esse
motivo irão beneficiar do apoio financeiro do governo chinês, disse antes de embarcar
para Pequim.
Cabo Verde leva para a capital
chinesa na agenda planos para “melhor aprofundar novos modelos de cooperação
futura” com a China, como salientou há dias o vice-primeiro-ministro e ministro
das Finanças Olavo Correia. Espera-se uma atenção especial da China ao projeto
de criação da Zona Económica Especial Marítima em São Vicente.
Moçambique também aposta forte
na reunião da próxima semana. Segundo a agência Macauhub, vai ser organizado em
Pequim um Fórum de negócios entre empresários chineses e Moçambicanos, a ser
inaugurado no domingo, dia 2 de setembro, pelo presidente Filipe Nyusi.
A
atenção especial a Angola
Angola é claramente grande
parceiro da China entre os PALOP, ocupando o segundo lugar ao nível das trocas
comerciais com todo o continente. As autoridades chinesas promoveram a cimeira
China-África em Luanda na semana passada, através de uma conferência de
imprensa em que o embaixador da China em Luanda, Cui Aimin, sublinhou que
Angola é um elemento fundamental no encontro de Pequim.
Uma das preocupações nas
relacões bilaterais diz respeito à dívida de Angola à China. Cui garantiu que
esta é controlável, rondando os eixos normais, sem no entanto revelar o valor
em causa. As declarações do diplomata chinês surgiram numa altura em que foram
anunciados novos projetos conjuntos como a parceria na área da indústria
militar com vista ao reequipamento e requalificação das infraestruturas das Forças
Armadas Angolanas (FAA). J Carlos Matias
– Macau in “Plataforma”
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