A fim de ampliar as operações
do Porto de Santos, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) adotará
medidas que possibilitem o tráfego de embarcações de 366 metros no canal de
navegação. As embarcações deverão respeitar condições de meteorologia, visibilidade
e maré, além da utilização de, ao menos, quatro rebocadores. Mas, para que
essas manobras se tornem realidade, são necessárias obras de infraestrutura,
como o aprofundamento do canal para 16 metros, e um novo projeto de amarração
de cargueiros no cais santista.
Hoje, o Porto recebe
cargueiros com até 336 metros de comprimento, 48 metros de boca (largura) e
capacidade para transporte de 14 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de
20 pés). Mas os planos da Docas vão além.
Por isso, no passado dia 10 de
maio, técnicos da Universidade de São Paulo (USP) apresentaram à Autoridade
Portuária mais uma fase do Estudo e Pesquisa de Obras para a Otimização
Morfológica, Náutica e Logística do Canal de Acesso do Porto de Santos, com
exposições dos professores Marcos Pinto, do Centro de Gestão em Estudos Navais
(Cegn), e Rafael Watai, do Tanque de Provas Numérico (TPN) da universidade.
O estudo teve como foco a
manobrabilidade de navios com 366 metros de comprimento e a interação
hidrodinâmica – o efeito da passagem das embarcações sobre as que estão
atracadas no Porto. Também foram considerados aspectos econômicos, como as
projeções de demandas de cargas e da frota a atender.
Os pesquisadores utilizaram
simulações matemáticas considerando um navio porta-contêiner com 366 metros de
comprimento e 52 metros de boca, com capacidade para 14 mil TEU. Foram levados
em conta o cenário atual, com profundidade de 15 metros, e um cenário futuro,
com profundidade de 17 metros, viável para navios de até 15 mil TEU. Segundo os
técnicos da USP, o passo inicial para implantação desse projeto consiste no
aprofundamento para 16 metros.
Para que os navios com 366
metros possam trafegar pelo canal de navegação do Porto, questões primordiais
deverão ser observadas. A visibilidade deverá estar acima de uma milha náutica
(1,8 quilômetro) e a maré, no estofo (período em que não há variação). Os
ventos terão de estar abaixo de 15 nós (27 km/h) e ondas abaixo de 1,5 metro.
Quanto aos rebocadores, a USP
aponta que será necessário utilizar quatro embarcações, com rebocadores centro
proa e centro popa com capacidade de tração de 70 toneladas e soma total dos
empuxos de 270 toneladas de tração.
Investimento
O estudo ainda concluiu que,
diante da interação hidrodinâmica entre os navios que trafegam pelo canal e os
atracados, são necessários novos planos de amarração, com a utilização de
traveses e que as tripulações cuidem para que os cabos não fiquem brandos no
momento da fixação.
Fiscalização constante,
atenção, cuidados e vigilância por parte da embarcação, da Autoridade Portuária
e de terminais também estão entre os itens necessários para aumentar a
segurança no cais.
Os técnicos da USP estudaram
as previsões de investimento em infraestrutura do canal de acesso, a manutenção
da dragagem do canal e o reforço e o aprofundamento dos berços, bem como novos
equipamentos, concluindo que haverá ganhos econômicos aos usuários, gerado pelo
atendimento a navios de maior porte. Fernanda
Balbino – Brasil in “A Tribuna”
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