A pintora Arlinda Frota vai
mostrar um total de 50 obras, em porcelana, acrílico e azulejo, numa nova
exposição individual, que se inaugura na próxima quarta-feira, 9 de Maio, no
Albergue SCM. A artista vai apresentar uma peça em porcelana, “um prato pintado
emoldurado, que é a peça central da exposição”, um conjunto de acrílicos sobre
tela e trabalhos em azulejo vidrado do século XVII, em azul cobalto. Nos
acrílicos, Arlinda Frota utiliza a técnica recente “dos acrílicos fluídos, que
tem no mundo não mais do que 10 anos e tem vindo a desenvolver-se nos Estados
Unidos e na Holanda”, explicou ao Ponto Final.
“Há um grande ecletismo na
minha pintura e isso deve-se ao facto do número de países por onde passei e em
que vivi. A minha vida foi feita de viver entre três a cinco anos em cada país.
Acontece que, por acaso, Macau é o local onde vivi mais anos”, explicou ao Ponto
Final. “Isso fez com que os meus horizontes, também na pintura, fossem muito
diversificados”, acrescentou a pintora, autodidacta, que foi médica
especialista em doenças tropicais como primeira profissão.
Arlinda Frota soma já pelo
menos uma centena de exposições realizadas na Europa, África e Ásia, desde que
começou a mostrar o seu trabalho em 2004. “A maioria das minhas exposições
foram, sobretudo, no domínio das porcelanas. Desde há seis anos comecei a
introduzir também um misto de outras técnicas. Sempre porcelanas, mas outro
tipo de produção artística”.
Arlinda Frota explicou que
começou a pintar em acrílico, nos anos de 1980, em França. Mas foi em Macau,
onde já vive há 12 anos, espaçados por períodos diferentes, que lhe foi
mostrada a técnica da pintura em porcelana, à qual se dedica desde 2000.
“Foi na porcelana que
realmente investi a maior parte do meu tempo na pintura, depois, com a minha
passagem pela Coreia, de 2002 e 2006, introduzi-me no mundo das artes
orientais, no papel de arroz, na tinta-da-china, e daí divergi um bocadinho das
porcelanas”. A artista trabalhou o guache, os óleos sobre tela e há quatro anos
começou a trabalhar o azulejo, na tradição portuguesa. C.A. in “Ponto Final” - Macau
Arlinda
Frota dedica-se à pintura em porcelana desde há perto de duas
décadas, quando ainda exercia a sua outra profissão de médica internista. Foi
exatamente em Macau - essa cidade que é ponte entre culturas - que a artista
recebeu ensinamentos de uma mestra portuguesa e adquiriu o traço fino com que
se deleita a criar harmonia, na superfície imaculada da porcelana.
Arlinda Frota pinta os seus
objetos decorativos - peças variadas que vão da taça mais delicada à pequenina
caixa para joias - como se estivesse a pintar um quadro, isto é, com a mesma
paixão do pintor diante da sua tela. Só que o seu mundo é um universo
pequenino, como que a exprimir ternura pela decoração em miniatura e pelas
cores que escolhe e compõe o que sai do seu mundo interior, da sua imaginação.
Muitos foram os caminhos que a
conduziram à perfeição das suas peças, de Macau à Coreia, da Indonésia a Lisboa
ou a Luanda. São estes mundos diversos que se encontram numa síntese artística
que prima, efetivamente, por uma extrema originalidade.
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