SÃO PAULO –
Superados os 13 anos de governos populistas que só contribuíram para o
isolacionismo comercial do Brasil no mundo e levaram a economia do País ao
fundo do poço – de que a compra de uma refinaria sucateada em Pasadena, a
doação de refinaria para a Bolívia, o perdão das dívidas de países africanos e
a construção do porto de Mariel em Cuba são os exemplos mais notórios –,
esperava-se que o atual governo-tampão optasse por uma política externa mais
ambiciosa na área comercial. Mas, à guisa de balanço de dois anos, não se pode
dar uma palavra de aprovação nesse setor porque o País continua a ser apontado
como uma das economias mais fechadas do planeta.
Basta ver que,
depois de mais de duas décadas de discussões infrutíferas, o Mercosul – que
depende basicamente de Brasil e Argentina – ainda não conseguiu fechar um
acordo amplo com a União Europeia. Tampouco evoluíram as anunciadas negociações
com o Canadá, com o Efta (Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein) e com a
Coreia do Sul e os países da Asean (Tailândia, Filipinas, Malásia, Cingapura,
Indonésia, Brunei, Vietnã, Mianmar e Laos).
Também não se
pode dizer que o Brasil se tenha aproveitado das divergências comerciais entre
EUA e China. Pelo contrário, tem sofrido consequências da errante política
internacional do governo Trump. O resultado pode ser avaliado em números: se em
2011 o Brasil chegou a registrar uma participação de 1,4% na corrente de
comércio mundial (exportações/importações), teve de se contentar com apenas 1,1%
em 2016 e 1,2% em 2017. Mais: depois de ocupar a 22ª colocação em 2013 entre os
maiores exportadores do mundo, caiu para a 26ª posição em 2016, segundo dados
da Organização Mundial do Comércio (OMC).
É de se observar
ainda que, se o País conseguiu se manter nessa posição, foi em razão do
crescimento dos preços das commodities.
Se fosse depender da competitividade dos seus produtos manufaturados, a
situação seria ainda pior. Como exporta pouco, o Brasil acaba por importar
pouco. A título de comparação, pode-se lembrar que o País importa cerca de 30%
do total que o México importa, o que dá uma ideia da sua reduzida integração ao
comércio mundial. Se importa pouco, sua indústria, obviamente, pouco recebe em
termos de inovação, o que afeta brutalmente a competitividade das empresas
nacionais no mundo.
Por isso, as
exportações de produtos de maior valor agregado concentram-se basicamente nos
países da América Latina, provavelmente em função de obstáculos que até hoje
não foram removidos por nenhum governo: o custo do transporte, a infraestrutura
precária, a elevada carga tributária e a falta de crédito. Com isso, o País continua a desperdiçar
oportunidades de crescimento econômico, deixando de alcançar maior integração
comercial no mundo. Ao avançar pouco no mercado externo, o Brasil deixa também
de crescer em seu mercado interno, pois, se as fábricas exportassem mais,
criariam mais empregos e haveria maior impulso de crescimento em sua economia. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e
diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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