O Colóquio Internacional “A
língua portuguesa, o multilinguismo e as novas tecnologias das línguas no
século XXI”, dias 15 e 16 de outubro, no CEFET-MG, em Belo Horizonte, vai
contar com diversos especialistas. Abrindo o segundo dia do evento, às 9h,
durante o painel sobre projetos do Instituto Internacional da Língua Portuguesa
(IILP) no âmbito das novas tecnologias linguísticas, Carlos Alberto Faraco vai
falar sobre o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC).
Faraco é pós-doutor em Linguística pela Universidade
da Califórnia (EUA), professor titular aposentado da Universidade Federal do
Paraná (UFPR), coordenador da Comissão Nacional Brasileira do IILP e consultor
dos trabalhos para a elaboração do VOC.
Durante o Colóquio, o senhor vai falar sobre o VOC, um
dos projetos do IILP no âmbito das novas tecnologias. Explique o que é e como
funciona o VOC.
Carlos Alberto Faraco |
Faraco – O VOC é uma
base de dados lexical eletrônica, de grande escala e aberta (de acesso
gratuito), que serve de referência à ortografia da língua portuguesa definida
pelo Acordo Ortográfico de 1990. O VOC inclui não apenas o vocabulário que é
comum a todas as variedades da língua portuguesa, mas também os vocabulários
próprios de cada uma dessas variedades. É possível uma consulta geral, bem como
uma consulta específica, na medida em que os vocabulários nacionais mantêm
autonomia no interior do VOC.
Atualmente, o VOC reúne os vocabulários nacionais de
seis dos nove países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP)? Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste. Há previsão para integrar os vocabulários nacionais dos outros
três países? Quando? E como fica a situação Guiné-Equatorial, recém-integrada à
CPLP?
Faraco – O da
Guiné-Bissau será feito assim que a situação política daquele país se
estabilizar completamente. O de Angola ainda não tem previsão de conclusão. A
Guiné-Equatorial tem ainda um longo caminho pela frente para consolidar o
português como língua oficial.
Para muitos dos países-membros da CPLP é a primeira
vez que estão elaborando um vocabulário nacional. Na opinião do senhor, qual a
importância disso?
Faraco – É um grande
acontecimento na história da língua portuguesa como língua internacional e
multicêntrica. Os vocabulários nacionais contribuem para consolidar o português
nesses países e, ao mesmo tempo, reúnem um acervo léxico que poderá alimentar a
feitura no futuro de um grande dicionário geral da língua.
Hoje, a base de dados do VOC conta com 260 mil
palavras. Quais dados em relação a uma palavra são possíveis de se obter na
plataforma do VOC?
Faraco – A entrada
lexical, além de apresentar a forma ortográfica da palavra, agrega informações
sobre a divisão em sílabas, a marcação da sílaba tônica, o paradigma flexional
e relações funcionais com outras entradas, especificamente com palavras
morfologicamente relacionadas.
Na sua avaliação, qual a importância de eventos como
Colóquio Internacional “A língua portuguesa, o multilinguismo e as novas
tecnologias das línguas no século XXI” no contexto da Língua Portuguesa?
Faraco – É um evento
fundamental na consolidação das ações do Instituto Internacional da Língua
Portuguesa, tanto pelo trato da questão do multilinguismo no espaço da CPLP,
como pelas questões que envolvem as novas tecnologias das línguas. O IILP tem a
tarefa de estar na linha de frente na promoção internacional do português,
estimulando ao máximo o uso das novas tecnologias.
Qual será o papel da Comissão Nacional Brasileira do
IILP, coordenada pelo senhor, na próxima gestão do IILP, com início em outubro
deste ano?
Faraco – Nossa Comissão
Nacional vai dar todo o apoio à nova gestão e levar as contribuições do Brasil
para os atuais e futuros grandes projetos do Instituto, cuja função é a gestão
conjunta das questões da língua portuguesa que interessam a todos os países. Instituto Internacional da Língua
Portuguesa
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