O
Vocabulário do Português Medieval demorou 35 anos para ser preparado e
publicado. Utilizado nos Reinos de Portugal e da Galiza, entre os séculos 13 e
15, a obra conta com 170 mil verbetes.
Na passada sexta-feira, 10 de outubro de
2014, foi um dia de suma importância para a Fundação Casa de Rui Barbosa
(FCRB), aconteceu o lançamento do Vocabulário do Português Medieval.
A cerimônia ocorreu no auditório da FCRB e
contou com a presença, entre outros, da ministra da Cultura, Marta Suplicy, Prof.
Manolo Florentino, presidente da FCRB, historiador Renato Lessa, presidente da
Biblioteca Nacional, embaixador Alberto da Costa e Silva e o embaixador de
Portugal, Francisco Ribeiro Telles.
A Orquestra Barroca da UniRio abriu a
solenidade com composições de Antonio Vivaldi e de Giovanni Batista Pergolesi.
Em seguida a pesquisadora Ivette Savelli (Filologia/FCRB), coordenadora do
léxico, traçou o histórico do projeto iniciado há 35 anos. A ministra Marta
Suplicy lembrou que não havia publicações com essa densidade [sobre a origem da
nossa língua: "Esperamos que a obra seja um ponto de demarcação para
estudiosos da nossa língua e também de inspiração para outros países se
debruçarem sobre suas próprias”, ressaltou a ministra da Cultura, Marta Suplicy.
O presidente da Fundação, Manolo Florentino,
grande incentivador da versão impressa, anunciou que a instituição pretende
levar em breve o vocabulário vai para a web para consulta: "Será uma
espécie de obra aberta para as próximas gerações".
Histórico:
O Vocabulário Histórico-Cronológico do
Português Medieval (VPM) vem de janeiro de 1979, quando o lexicógrafo Antônio
Geraldo da Cunha trouxe para o Setor de Filologia o projeto, no qual trabalhou,
a princípio, um pequeno grupo de colaboradores sob sua orientação direta. A
iniciativa era pioneira – trata-se do primeiro levantamento exaustivo do léxico
da língua portuguesa nos séculos XIII, XIV e XV.
Mais adiante o apoio da Finep possibilitou a
contratação de mais pesquisadores e auxiliares e dinamizou a elaboração da
obra. No final de 1983 já se dispunha de um acervo de mais de 120 mil fichas
com passagens abonatórias de vocábulos recolhidos em mais de uma centena de
textos medievais, nos quais foi feito, sempre que possível, o levantamento
integral do léxico. Em 1984, chegou a ser publicado um fascículo-amostra da
obra, na tentativa de buscar parcerias que possibilitassem a publicação desse
material de proporções gigantescas.
O fascículo despertou interesse na comunidade
acadêmica, mas ficou claro que uma obra de tal porte exigiria um investimento
bastante vultoso e um prazo longo para sua execução. O autor propôs então à
Casa de Rui Barbosa um projeto alternativo, menos ambicioso, que poderia ser
concluído em tempo razoável: era o Índice do Vocabulário do Português Medieval,
do qual chegaram a ser publicados os três primeiros volumes, entre 1986 e 1994.
A partir de 1995, com apoio da Fundação Vitae
e depois das Organizações Globo, o projeto, tal como fora originalmente
concebido, chegou à era digital, sendo lançadas em CD-ROM duas versões. As
fichas de papelão datilografadas, que ao longo dos anos foram tão úteis a
inúmeros pesquisadores da comunidade acadêmica e científica nacional e
internacional, tiveram sua merecida aposentadoria, substituídas por formas
rápidas e eficientes de consulta e de atualização. Desde então, críticas e
sugestões de especialistas possibilitaram o aperfeiçoamento da obra,
expurgando-a de imperfeições decorrentes do fato de não termos podido contar
até o final com a orientação firme e experiente de seu autor, falecido em 1999.
Em 2012, por sugestão da pesquisadora Flora
Süssekind, chefe do Setor de Filologia da FCRB, o então presidente da
instituição, Wanderley Guilherme dos Santos, tomou a iniciativa da publicação
impressa. Ao assumir a presidência da Fundação, em fevereiro de 2013, o
historiador Manolo Florentino concretizou a execução do projeto, viabilizando,
finalmente, a versão impressa dos dois volumes (com cerca de 170.000 verbetes),
que ora apresentamos, em edição revista, e que, sem sombra de dúvida, significa
um importante passo para a lexicografia de língua portuguesa, daqui e de
além-mar. Fundação Casa de Rui Barbosa -
Brasil
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