A académica Maria José Grosso considerou
ontem que os professores chineses que ensinam português em Macau têm um “baixo
nível de proficiência” e ensinam a língua com métodos desactualizados, durante
um debate na Universidade de São José em Macau.
A professora da Universidade de Lisboa e da
Universidade de Macau participou num debate sobre “Políticas da Lusofonia,
Políticas da Língua”, integrado numa conferência de dois dias em torno da
Lusofonia.
Traçando um cenário sobre a situação e as
dificuldades do ensino da língua portuguesa em Macau, Maria José Grosso alertou
para o “baixo nível de proficiência dos professores” que não têm o português
como língua materna. “Eu própria assisti a casos em que um professor
pronunciava uma palavra mal e escrevia também mal no quadro, [palavra] que as
crianças copiavam”, descreveu.
Além desta dificuldade, a académica chamou
também a atenção para os métodos de ensino usados no território que “já são
considerados pouco motivantes” e que “muitas vezes têm que ver com a
representação que esse professor tem do que é aprender uma língua”.
Também a gramática é ensinada não tendo em
conta “a experiência linguística da criança, a sua língua materna”, disse a
professora.
Como resultado, a língua portuguesa, que é
uma das duas oficiais no território, “é geralmente limitada à sala de aula”.
Crítica também para os professores
portugueses
Agendado para participar no debate estava
Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa
do Instituto Politécnico de Macau, que acabou por não poder comparecer, mas
fez-se ouvir através de uma comunicação lida pela professora Rosa Bizarro.
As características do ensino em Macau foram
também alvo de críticas, desta vez igualmente dirigidas aos professores portugueses,
com o académico a sublinhar que “não basta ser português e ter formação
superior” para ensinar o idioma. “O ensino como língua estrangeira é um domínio
de especialização. A lusofonia deve ter especialistas nessa área. Quantos
existem em Macau? Certamente muito poucos”, referiu.
Carlos André destacou que o Governo de Macau
“tem feito bastante pela língua portuguesa”, mas que “é a Portugal que esse
papel cabe”.
Na sua comunicação, o académico defendeu que
uma “política da língua” deve ir além da simples oferta do seu ensino em
diferentes instituições – o que já acontece em Macau.
“É preciso um estudo de mercado competente,
que permitisse saber qual é o interesse pelo português nos diferentes grupos
etários, que tipo de português se procura, qual o nível de proficiência
linguística de quem comanda o português”, explicou. In “Ponto Final” - Macau
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