SÃO
PAULO – Não se pode deixar de reconhecer o esforço dos governos federal e
estadual para dotar o Porto de Santos, com a participação da iniciativa
privada, de uma infraestrutrura viária e ferroviária capaz de suportar as
projeções que indicam para 2024 uma movimentação de 230 milhões de toneladas. É
claro que isso só será possível se houver um significativo incremento da
participação do modal ferroviário no transporte de cargas, hoje limitada a 15%
da matriz de transporte.
Para
tanto, é fundamental implantar plataformas logísticas ao longo da malha viária
e ferroviária do País, sem esquecer de aumentar a participação do sistema
hidroviário, aproveitando-se as oportunidades que a natureza oferece. Tais
plataformas precisam ser construídas dentro de um espírito de multimodalidade,
sem levar em conta a segregação entre ferrovias e rodovias.
De
certo modo, essa descentralização já vem ocorrendo mais em função das necessidades
da iniciativa privada do que por parte de uma ação planejada do governo
federal. É o caso do movimento que se dá no Norte do País com a criação do futuro
corredor logístico multimodal formado pela estrada BR-163 e pela hidrovia
Tapajós-Amazonas.
Essa
alternativa para o escoamento dos produtos do agronegócio da região
Centro-Oeste, há tanto tempo defendida pelas ruralistas, só não está mais
avançada por causa da demora do governo federal para asfaltar a BR-163 entre
Mato Grosso e Pará, que no período de chuvas de janeiro a junho transforma-se
num lamaçal em meio a crateras de dimensões lunares. É de lembrar que foi em
1997 que a Cargill arrendou um terminal público no porto de Santarém e a Bunge
comprou um terreno em Barcarena, aguardando o asfaltamento completo da BR-163,
o que, infelizmente, não ocorreu.
Agora,
essas e outras empresas do agronegócio que apostam no chamado corredor Norte
aguardam as licitações para novos terminais portuários de grãos no Pará que a
Secretaria de Portos (SEP) pretende fazer, mas que há um ano estão sob análise pelo
Tribunal de Contas da União (TCU). Milton
Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis).
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