SÃO PAULO - Os gargalos
logísticos que travam a movimentação das operações no Porto de Santos deverão
estar eliminados em três anos, com a conclusão das obras previstas e em
andamento na margem esquerda e também na margem direita, onde as intervenções
são mais complexas. Neste lado, é fundamental a conclusão do projeto do
Mergulhão – passagem subterrânea na Avenida Portuária, na região central da
cidade – que vai eliminar definitivamente o conflito rodoferroviário no Cais do
Saboó, que tem provocado constantes congestionamentos.
É de lembrar que a
Avenida Perimetral está implantada entre o centro histórico e a Ponta da Praia,
mas falta concluir o trecho entre a Via Anchieta e o Saboó e os armazéns do
Valongo, onde estão as novas torres da Petrobras. Essa conclusão, porém, só se
dará com a implantação do Mergulhão, que permitirá o acesso dos veículos
pesados em direção ao cais.
Concluídas essas obras
até 2017 e ainda que saia do papel o projeto do túnel submerso entre Santos e
Guarujá, a preocupação certamente mudará de lugar. Ou seja, levando-se em conta
as projeções da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que prevêem um
crescimento anual de 13% na movimentação de contêineres, os gargalos logísticos
vão se concentrar na Serra do Mar. Em outras palavras: será preciso encontrar
alternativas ao Sistema Anchieta-Imigrantes, já que dificilmente as linhas
ferroviárias, exploradas pelas concessionárias ALL e MRS, atenderão plenamente
àquele crescimento.
Para piorar, a pista de
descida da Rodovia dos Imigrantes foi (mal) construída com um declive
acentuado, o que levou a empresa estatal Desenvolvimento Rodoviário S.A.
(Dersa) a proibir a sua utilização por veículos pesados. Assim, com a
eliminação dos gargalos que havia no Planalto depois da construção do Rodoanel,
os problemas foram transferidos para a pista descendente da Via Anchieta que,
construída na década de 1940, praticamente não recebeu faixas adicionais, até
em função de sua localização em meio aos despenhadeiros da Serra do Mar.
A saída que se conta
agora seria a construção de uma nova ligação rodoviária entre São Paulo e
Santos, destinada a receber o fluxo de veículos pesados em direção as duas
margens do Porto. Segundos estudos da Secretaria estadual de Logística e
Transportes, essa rodovia seria entre o município de Suzano e a área
continental de Santos, mas interligada ao Trecho Leste do Rodoanel.
Seja como for, não
adianta postergar estudos com a esperança de que até 2024 a participação das
ferrovias no transporte de cargas chegará a 61% contra os atuais 15%, como
recomenda estudo do Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária
da Universidade de São Paulo (USP), porque isso não irá ocorrer. É possível que
haja um crescimento significativo da participação do modal ferroviário, mas a
matriz de transporte brasileira continuará majoritariamente dominada pelo modal
rodoviário por muito tempo. Esse é um mal de origem que dificilmente será
superado. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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