SÃO PAULO – Depois de investir pouco nos últimos anos em obras
de infraestrutura viária com destino ao Porto de Santos, o que levou à situação
de colapso registrada em 2013, o governo do Estado parece agora mais preocupado
em garantir a chegada das cargas ao complexo portuário. Tanto que vem
investindo R$ 363 milhões em obras no entroncamento das rodovias Anchieta,
Imigrantes, Cônego Domênico Rangoni e Padre Manoel da Nóbrega, principais rotas
de acesso ao Porto e também ao Polo Industrial de Cubatão.
Essas obras – espera-se – deverão permitir a
ampliação da capacidade de tráfego rumo ao complexo, eliminando em grande parte
os gargalos e os congestionamentos que tumultuam a atividade portuária e, no
caso de Cubatão, provocam atrasos nos horários de entrada e saída de ônibus que
conduzem funcionários das fábricas na troca de turnos. E dificultam o
atendimento médico de urgência em caso de acidentes.
Mas não se imagine que, com a conclusão dessas
obras em outubro, como prevê o cronograma, nada mais será necessário para
deixar o tráfego livre em direção ao Porto. Na verdade, essas obras em
conclusão ainda necessitam de mais dois complementos: um viaduto à entrada de
Santos e outro na área continental interligando a rodovia Cônego Domênico
Rangoni à estrada de acesso a Bertioga. Aliás, este acesso deverá estar
concluído até o final de setembro.
A partir da inauguração desse sistema, espera-se
também que a Polícia Rodoviária redobre a sua atuação para manter os caminhões
de carga na faixa da direita do trânsito e na velocidade-limite, pois são
comuns as infrações, sem que haja multas. Além disso, é necessário que haja
maior estímulo para que os terminais públicos e os de uso privativo (TUPs)
utilizem a ferrovia. Como a nova Lei dos Portos (nº 12.815/13) não contemplou
devidamente o modal ferroviário, os novos TUPs não estão obrigados a construir
pátios ferroviários, o que seria fundamental para viabilizar a integração e o
escoamento das cargas, tirando um maior número de veículos pesados das
rodovias.
Ao mesmo tempo, é imprescindível a viabilização do
Ferroanel Norte-Sul para acelerar o desempenho do Porto de Santos. É de
ressaltar que o Ferroanel Norte correrá paralelamente ao Trecho Norte do
Rodoanel, o que permitirá a integração entre os dois empreendimentos.
Tudo disso, porém, pouco adiantará, se a Companhia
Docas do Estado de São Paulo (Codesp) não tiver condições e recursos financeiros
para investir em tecnologia e modernização. Só com equipamentos modernos será
possível diminuir o tempo de permanência do navio no cais e da carga no
armazém, o que reduzirá custos. Para completar o quadro, é preciso que os
terminais e os novos arrendamentos ganhem maior produtividade e ofereçam
tarifas menores. Só assim se poderá dizer que o Porto de Santos entrou na era
de modernidade. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários
de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis)
e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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