Era uma vez uma escola,
tinha sido construída em meados do séc. passado num projecto intitulado Plano
dos Centenários, que levou à construção de milhares de escolas espalhadas por
todos os locais mais recônditos de Portugal, integrado nas comemorações dos 800 anos da Fundação
do país e dos 300 anos da Restauração de Portugal.
As escolas foram construídas
baseadas em projectos-tipo que mantinham a traça e os materiais mais usuais na
região. Construídas com pouco dinheiro, cumpriram a sua tarefa, duraram no
tempo e ensinaram os jovens da época, hoje os mais altos dirigentes de
Portugal.
Conforme a região um arquitecto
projectava as escolas, cabendo por exemplo ao arquitecto Eduardo Moreira
Santos, autor do símbolo que acompanha o blogue “Baía da Lusofonia”, os Projetos
da Direção dos Edifícios Nacionais de Lisboa que planeou as escolas Tipo
Ribatejo, Tipo Estremadura e Tipo Alto Alentejo.
A história da escola que
comecei a contar foi projectada pelo arquitecto Joaquim Areal e depois de
muitos anos de serviço, as autoridades locais recuperaram-na tendo gasto cerca
de cem mil euros para a rejuvenescerem e dar a qualidade há muito perdida.
Há três meses a escola foi
reinaugurada para servir os jovens da terra, aqueles que conseguem resistir à
desertificação imposta por más políticas vindas do poder central, mas funcionou
apenas uma semana. Foi encerrada.
Os jovens agora vão
percorrer cerca de 50 quilómetros para irem a uma outra escola, normalmente de
construção original recente, considerada de boa qualidade para a aprendizagem,
mas que depois são notícia na comunicação social por chover dentro das salas de
aula.
Que dirão os portugueses na
diáspora, que dirão os cidadãos lusófonos espalhados por todo o globo, da forma
como em Portugal se gasta o dinheiro público, da maneira como se tratam os
jovens portugueses que se pretendem estar inseridos numa cultura dita europeia?
Baía da Lusofonia
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