Em reconhecimento à sua importância no
contexto da literatura e cultura moçambicanas, foi lançada, na passada segunda-feira 01 de Setembro de 2014,
em Maputo, a versão da primeira edição do livro “Nós Matámos o Cão Tinhoso” da
autoria do escritor Luís Bernardo Honwana, por ocasião das comemorações dos 50
anos desta obra literária.
Publicada em Março de 1964, a obra representa
um marco na dinâmica da literatura moçambicana, cuja relevância e estética são
testemunhadas pelo resgate e elevação ao estatuto de principal fonte dos textos
de ficção narrativa que povoam os manuais escolares dos primeiros anos após a
Independência nacional.
A reedição do “Nós Matámos o Cão Tinhoso”
resulta das actividades de investigação e extensão da Universidade Eduardo
Mondlane, em parceria com a AEMO-Associação dos Escritores Moçambicanos e a
editora Alcance Editores, com o apoio institucional da maior operadora de
telefonia móvel do País, a mcel.
Intervindo na cerimónia de lançamento da nova
versão da obra, Felícia Nhama, disse, em representação da mcel, que “a
operadora é uma empresa cem por cento moçambicana, daí que a nossa aposta no
apoio à cultura, particularmente à literatura, constitui um desafio muito
grande para a promoção e elevação da identidade nacional”.
“Este lançamento, ocorre numa ocasião
inestimável, que é a comemoração dos 50 anos desta obra, que marcou a revolução
e o desenvolvimento da literatura moçambicana e reiteramos, por isso, mais uma
vez, os nossos agradecimentos pela honra de estarmos presentes neste momento de
grandes memórias da literatura e história do nosso Moçambique”, frisou Felícia
Nhama.
Por sua vez, o secretário-geral da AEMO,
Ungulani Ba Ka Khosa (pseudónimo de Francisco Esaú Cossa), considerou que o
livro “Nós Matámos o Cão Tinhoso” constitui obra maior da nossa literatura,
razão pela qual “não pode ser abandonado em qualquer apeadeiro desta ferrovia
literária. Ele tem que ocupar a carruagem da primeira classe junto às grandes
obras do nosso universo literário”.
“Que o nosso Ministério da Educação assuma
duma vez por todas, que, no edifício do nosso saber, “Nós Matámos o Cão
Tinhoso” tem a sua cadeira por direito próprio. Não é um favor que prestamos ao
autor, é um tributo que prestamos à nossa cultura”, frisou.
Usando igualmente da palavra, o autor da
obra, Luís Bernardo Honwana, realçou que o livro é ainda hoje celebrado, porque
continua a interessar mesmo àqueles para quem os grandes resultados da saga do
25 de Setembro são, nas suas vidas, um dado adquirido.
O escritor reconheceu que a longevidade deste
livro é feita, sem dúvida, pelo interesse do público que justifica sucessivas
edições e traduções, mas sobretudo pelo favor da crítica.
“Efectivamente, é grande e variada a produção
ensaística que este livro tem suscitado ao longo desde 50 anos. Muitos dos
textos estão marcados pelas polémicas que o aparecimento do livro levantou no
ambiente peculiar de um país colonizado que éramos então, mas desde cedo a
crítica mais esclarecida identificou nesta pequena colecção de contos, aquilo
que certamente a faz transcender o tempo, o lugar e o quadro histórico em que
foi produzida”, finalizou.in “Olá Moçambique” - Moçambique
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