Os
temas centrais das relações bilaterais entre Portugal e a República Popular da
China vão estar abertos a debate com uma perspectiva internacional. Em Março
decorrerá na Universidade de Aveiro a segunda edição de um congresso cujas
atividades vão de exposições a análises sobre o impacto económico global da
iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”
Entre os dias 13 e 15 de Março
realiza-se na Universidade de Aveiro a segunda edição do congresso
internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China”. O programa revela uma
passagem por acontecimentos históricos, como os 40 anos do estabelecimento das
relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China (RPC), mas
também se foca em pontos chave das relações entre os dois países na
actualidade.
De resto, os 70 anos da
proclamação da República Popular da China e os 20 anos da transferência de
soberania de Macau são datas que a iniciativa pretende também assinalar.
Organizado pelo Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, em parceria com
outros departamentos da mesma instituição de ensino superior, o evento conta
com personalidades internacionais para conferências, quatro painéis temáticos,
exposições e workshops, entre outras actividades.
Entre os oradores dos debates
encontram-se nomes conhecidos de Macau, como Carlos André, cuja intervenção se
intitula “Má fortuna a Oriente: Camões em dois romances contemporâneos”,
apresentando também a exposição “Deambulações pela China”, José Luís de Sales
Marques, que vai abordar “O lugar de Macau no contexto actual da Política
Externa da RPC”, ou os investigadores António Aresta e Beatriz Basto da Silva,
com apresentações sobre “A presença de Confúcio na cultura portuguesa” e “Macau
e os Labirintos da História”, respectivamente.
Caio César Christiano, do
Instituto Politécnico de Macau, também vai estar presente para abordar o tópico
“Falâ Portuguesado: Percepções sobre a língua portuguesa entre a comunidade
maquista”. O professor está a desenvolver um estudo, acompanhado por uma outra
docente que desenvolve os trabalhos junto com os participantes que falam
cantonês, no qual procura perceber a importância da língua portuguesa para a
identidade macaense.
“É um tema que suscita, sim,
interesse. Porque o tema identitário dentro da sociolinguística e da análise do
discurso é bastante importante. Obviamente estamos a falar de uma comunidade
extremamente pequena, então não vai haver o mesmo interesse que comunidades
muito maiores, como a diáspora portuguesa. Mas a simples presença de macaenses
em Hong Kong, no Brasil, nos EUA, desperta o interesse de pesquisadores locais
que dialogam sobre isso”, comentou à Tribuna de Macau.
Trabalhar com a comunidade
macaense e o seu português pareceu-lhe “essencial neste momento”, que considera
estar em transição, uma vez que há uma geração que cresceu a estudar português,
mas já surge uma outra que muitas vezes se afastou da língua.
Actualidade
marca painéis temáticos
Nos painéis temáticos dá-se um
enfoque maior aos temas de relevância nas relações bilaterais entre os dois
países. O primeiro é sobre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, na qual Portugal
tem procurado participar activamente. Nele pretende-se debater a relevância da
iniciativa, bem como compreender o seu significado e impacto na economia global
e nas relações entre os povos, nomeadamente entre a China, Portugal e os países
de língua oficial portuguesa.
O ensino da língua também não
foi esquecido, com o segundo tema em debate intitulado “Diálogos entre Línguas:
Literatura, Tradução e Ensino”. Pretende-se aqui dar conta dos esforços de ensino
das duas línguas, bem como da tradução nos dois sentidos, é explicado no
programa. Por outro lado, ressalva-se que a China está presente na literatura
portuguesa tanto em resultado das viagens dos navegadores portugueses como pela
passagem de escritores ao longo do último século por Macau.
“Constitui, portanto, um tema
de investigação o modo como os escritores portugueses têm percepcionado a
cultura chinesa. De igual modo, afigura-se desafiador tentar perceber a visão
que os chineses transmitem de Portugal”, é descrito na página online.
A cultura e o turismo
constituem outro ponto chave, pretendendo-se uma análise dos testemunhos
culturais da presença dos Portugueses na China e abordar o desenvolvimento das
formas de turismo e lazer. Por outro lado, sobre os diálogos artísticos vai
dar-se a conhecer projectos desenvolvidos nos domínios da música, do teatro, da
dança, do audiovisual, da multimédia e do design. Salomé Fernandes – Macau in
“Jornal Tribuna de Macau”
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